sábado, 20 de dezembro de 2008

A Devoção Certa à Pessoa Errada

Eu não quis acreditar no que eu estava ouvindo, mas era verdade. Não importa o quão chocante possa parecer; eu escutei. Parei atônito. Lamentei.

Estou me referindo a uma frase que escutei nesta semana quando assistia a um telejornal. Deixe-me situá-lo. Você deve ter ouvido falar na passagem da cantora Madona pelo Brasil. Não sei exatamente sobre o que era a reportagem (não vi desde o início), mas tinha algo a ver com isso. Havia alguém fazendo comentários sobre o que é um “fã”, e uma garota que se mostrava fã de Madona foi entrevistada e fez a seguinte declaração: “Minha religião é a Madona. O que ela diz, amém pra ela”.

Foi aí que fiquei perplexo com tamanha devoção. Dedicar um “amém” (que significa “assim seja”) a todas as palavras de alguém já ultrapassa o patamar de admiração e chega ao nível de adoração. Madona se tornou para essa garota, de fato, um ídolo, alguém de onde não pode sair nada ruim, a fonte de tudo aquilo que é confiável e bom; enfim, tornou-se seu deus.

A perda da capacidade de crítica é uma das características do “fã”. Ele não consegue criticar o que ouve seu ídolo dizer, ou vê-lo fazer; tudo está certo, tudo é bom. Prefiro, no entanto, ficar com as palavras de Paulo, o Apóstolo. Ele sabia que tinha em mãos a Palavra verdadeira de Jesus Cristo, mas não excluiu a possibilidade de ele mesmo vir a crer em outra coisa e pregá-la. Ele afirma aos Gálatas:

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos tenho pregado, seja anátema” (Gálatas 1.8).

Quando diz isso, Paulo coloca toda autoridade de Verdade Absoluta na Palavra de Deus e não em si mesmo. Paulo não achava que as verdades que ele falava vinham dele mesmo, mas de Deus. Por isso, estimulava os gálatas a que criticassem sua mensagem. Se ela fosse diferente daquela que eles já haviam recebido, então seria maldita. Ele também disse a Timóteo:

“Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (I Timóteo 1.15 – ênfase minha).

A mensagem do evangelho é, sim, “digna de toda aceitação”. Nada mais. O presidente da nação pode errar, meus pais podem falhar, seu médico pode se equivocar, esse texto que você está lendo pode conter falhas, Madona pode se enganar, mas a Palavra de Deus não! Ela é digna de aceitação.

Sei (e isso é triste) que não temos, muitas vezes, por Deus e por suas palavras, a mesma consideração que a garota da entrevista tem pelas palavras da cantora pop. É uma pena quando isso acontece. É uma pena quando Deus nos diz algo, e nós, no auge de nossa ignorância, criticamos, e achamos que do nosso jeito é melhor. Essa atitude não é nada inteligente.

Por fim, peço a Deus que transforme a mente daquela garota e que ela – e nós também – tenhamos tamanha devoção pelo Senhor e por suas palavras.