quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Modalidades de Escape: Fedendo ou Cheirando

Assistindo ao telejornal, ontem, fiquei espantado com algumas cenas de uma mesma reportagem. Câmeras flagraram motoristas que, ao desrespeitar o sinal vermelho, atravessaram a linha férrea centésimos de segundo antes de serem atingidos pelo trem. Foi impressionante! As cenas eram dignas de filmes de ação. Parecia até mesmo que tudo havia sido ensaiado. Também foram flagrados pedestres fazendo o mesmo. Um deles até perde o sapato, pois, no instante em passava, seu pé foi atingido (“de raspão”) pelo trem. Isso sim é o que eu chamo de “escapar fedendo”.

Creio que todos nós conhecemos essa expressão. Ela indica que alguém deixou de sofrer algo por muito pouco, “por um triz”. O homem que não morreu porque a caneta que levava no bolso da camisa desviou a trajetória da bala e amorteceu o impacto. O deputado que não foi cassado por causa de uma diferença de um voto no Congresso. O goleiro que viu a bola passar rente à sua trave pela linha de fundo, quando ele nada mais podia fazer. Em todos esses casos cabe a famosa expressão: Escaparam fedendo.

No instante em que passamos por essas situações, ficamos apreensivos, mas quando olhamos para trás percebemos como é bom escapar dessa maneira. Existe, porém, uma forma melhor ainda de vivenciar situações como essas. Aconteceu na Babilônia.

Nabucodonosor mandou fazer uma estátua de ouro e reuniu todos aqueles que tinham cargos administrativos para o dia da consagração do monumento (ver Daniel 3). A ordem era a seguinte: Ao som dos instrumentos, todos deveriam curvar-se diante da estátua e adorá-la, pois aquele que não o fizesse seria lançado na fornalha de fogo ardente.

Diante de tamanha ameaça, poucas pessoas naquela reunião pensariam na expressão “escapar”. Qualquer um que entrasse na fornalha sairia “fedendo”, mas sairia morto. Qualquer um, com exceção de três homens: Sadraque, Mesaque e Abednego. Esses três jovens não se prostraram diante da estátua, e Nabucodonosor, ao saber disso, resolveu tomar satisfações. No entanto a resposta deles para o rei ímpio foi fantástica:

“Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (vv. 16-18).

A disposição desses homens é para nós um exemplo de confiança. Mesmo sem saber o que lhes aconteceria, eles fincaram seu coração naquilo que eles sabiam que era o certo. Independentemente das consequências que isso poderia trazer, eles decidiram obedecer a Deus. Sabiam que o Senhor poderia livrá-los, mas sabiam também que Ele é Soberano e poderia até mesmo deixá-los morrer. No entanto, eles não abriram mão de sua fé.

O que aconteceu depois foi um dos mais belos milagres registrados nas Escrituras. Os três homens foram lançados atados na fornalha, que havia sido aquecida sete vezes mais. No auge de sua frieza, o rei Nabucodonosor decidiu assistir a iminente morte dos desobedientes, mas algo não saiu como o esperado.

Achando que precisava de uma consulta com um oftalmologista, o rei consulta seus conselheiros:

“Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus” (vv. 24,25 – ênfase minha).

Somente o fato de eles não sofrerem dano algum já faz desse episódio um enorme milagre. Some-se a isso o fato de terem sido lançados atados e, logo em seguida, estarem soltos, passeando. Mais ainda: o próprio Filho de Deus lhes faz companhia dentro do fogo. Acha que o milagre já está grande demais? Então, leia isto:

“E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles (v. 27 – ênfase minha).

Pronto! Agora o milagre tomou proporções impensáveis. Sadraque, Mesaque e Abednego passaram por uma fornalha de fogo e... escaparam “cheirando”! Só Deus pode proporcionar tal livramento.

Fica, portanto, para nós o exemplo desses homens. Se estivermos passando por alguma fornalha espiritual, sentimental, financeira, ou de qualquer outra ordem, a melhor coisa a fazer é não abrir mão da obediência a Deus. A melhor solução é não entrar em acordo com o inimigo.


Fazendo isto, corremos o risco de escapar “cheirando”.