domingo, 23 de dezembro de 2007

De Anfitrião a Penetra

Você já conhece esta história. Talvez ainda não tenha prestado atenção aos detalhes, mas tenho certeza de que já conhece.

Ademar está fazendo aniversário. Seu pai não quis deixar essa data tão importante passar em branco; portanto, tratou de arrumar a casa para uma grande festa.

Sem se preocupar com os gastos – afinal de contas, o pai de Ademar é o governador –, o aniversariante não deixou ninguém de fora da lista de convidados. Chamou todos aqueles que conhecia. Era muita gente. Seria uma grande festa.

Os irmãos de Ademar já estavam esperando uma avalanche de presentes e cartões, pois todos diziam admirar muito aquele garoto que tanto bem queria a todos.

Hora da festa. Os convidados chegam um a um. No entanto, há algo errado. Nada de cumprimentos ou presentes para o anfitrião. Todos passam por Ademar sem sequer dirigir-lhe a palavra. O pai do menino observa tudo calado.

Para surpresa dos donos da casa, os convidados, em um dado momento, passam a trocar presentes. Sim, os presentes foram trazidos, mas não para a pessoa certa. Como numa brincadeira de “amigo secreto”, cada um recebe a sua parte, menos Ademar.

Ele olha com tristeza aquela cena: todos aqueles que sempre disseram que o amavam estavam na sua casa, comendo e bebendo do que ele lhes oferecia, sorrindo, falando de tudo e de todos, e ignorando a sua presença.

Os cartões não são para ele. Os presentes não são para ele. Os abraços não são para ele. Ele é um intruso em sua própria festa.

Esta é a história de Ademar.

Esta é a história de Jesus.

Todo fim de ano é a mesma coisa. As cidades enchem-se de cores e luzes. Todas as propagandas trazem a figura do “bom velhinho” e todos os shoppings ficam abarrotados, promovendo um show de consumismo que faria de Karl Marx um sério candidato ao infarto.

Presentes. Presentes. Presentes. Mãe. Irmão. Primo. Namorada. Titia número 1. Titia número 2. Blá, blá, blá... Santo décimo terceiro!

Será que Jesus e Ademar não estão fazendo as mesmas queixas? O dia 25 de dezembro ainda tem o mesmo significado?

Vejo nossa sociedade como aqueles convidados de Ademar. Para muitos, o Natal era a única oportunidade de lembrar que Jesus existe. Porém, tratamos de acabar com isso. No dia em que deveríamos lembrar o nascimento de Cristo, nossos amigos e parentes são presenteados. Não ensinamos nossas crianças a darem suas vidas como presente a Jesus, mas dizemos a elas que, se forem bem no colégio, receberão brinquedos do Papai Noel. Em vez de olharmos para o menino da manjedoura, é o velhinho do trenó que chama a nossa atenção.

Comemos e bebemos dos benefícios de Cristo e da sua misericórdia, mas preferimos agradecer ao patrão que nos pagou em dia.

Ignoramos até mesmo o Filho do Rei do Universo, mas temos ousadia suficiente de dizer que o amamos e o admiramos. Estamos na sua casa e não o respeitamos. Que péssimos convidados somos!

Está chegando mais um Natal. Diante de nós mais uma oportunidade de mostrarmos nossa consideração pelo “aniversariante”. Oportunidade de trazermos para Ele nossos cumprimentos em forma de louvor e nossas vidas como presentes, não só no dia 25 de dezembro, mas todos os dias de nossas vidas. Oportunidade de escolher entre o velhinho que entra pela sua chaminé e o Menino que gentilmente bate à sua porta.

Parabéns, Ademar!

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6).

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Por um Natal Coerente

Devo confessar algo: não sou fã de saladas. Comer verduras nunca foi o meu forte, mas preciso fazê-lo por uma questão de saúde. Por isso mesmo, dificilmente deixo de colocar no prato esses alimentos “coloridos”.

De vez em quando, faço-me de esquecido e, quando minha mãe percebe, a bronca é inevitável. O argumento dela é bom. Ela diz que não entende como posso negligenciar a importância das saladas, pois eu estudei essas coisas. Tenho o conhecimento necessário, mas, às vezes, não ajo de acordo com esse conhecimento.

Incoerente. É assim que se chama esse tipo de comportamento. O médico que, apesar de saber que o cigarro possui substâncias cancerígenas, opta por fumar é incoerente. O professor que ensina a importância das frutas na alimentação, mas que, no intervalo das aulas, ao invés de tomar um suco, pede um refrigerante, também é incoerente. Mas em matéria de incoerência, existe um pessoal que é mestre: são os principais sacerdotes e escribas do capítulo 2 de Mateus.

Após o nascimento de Jesus, Jerusalém recebeu uma visita que a deixou agitada. Magos do Oriente chegam à cidade trazendo na bagagem um questionamento: “Onde está o recém-nascido Rei dos judeus?” (Mateus 2.2). Eles sabiam que o Messias havia chegado ao mundo, mas não tinham idéia de onde encontrá-lo. O propósito deles é claro: “(...) viemos para adorá-lo” (idem).

Herodes, que também estava sobressaltado com a novidade, convocou os principais sacerdotes e escribas do povo para saber o local do nascimento do Cristo. Afinal de contas, eles eram as pessoas mais indicadas para responder questões relativas à lei e aos profetas.

De fato, eles demonstraram competência. Acertaram na mosca:

“Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel” (vv. 5 e 6).

Estranho! A notável competência daqueles homens não produziu neles uma atitude coerente. O seu vasto conhecimento das Escrituras não os fez tomar uma posição lógica.

Herodes enviou os magos a Belém (v.8); porém, eles partem sozinhos. Onde estavam os principais sacerdotes e escribas? Não sei. Só sei que eles não viajaram com os magos. Isso não é incoerente? Eles sabiam o paradeiro do Rei dos reis, mas não moveram uma palha sequer para vê-lo e adorá-lo. Em vez de ouro, incenso e mirra, os “competentes” religiosos ofereciam sua indiferença ao Menino Deus.

E nós? Como temos agido? Ao ver a “estrela-guia” no céu, alegramo-nos “com grande e intenso júbilo” (v.10), ou viramos as costas e seguimos a nossa vida como se nada houvesse acontecido? Caminhamos até Belém, ou acomodamo-nos em Jerusalém?

Há somente uma resposta coerente ao nascimento do Messias. Os magos nos ensinam qual é:

“(...) Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas (...)” (v.11).

Já estamos vivendo a época natalina e, por isso, gostaria de convidar você a tomar a atitude correta.

A Pessoa mais importante do universo nasceu. Como você vai reagir? Sugiro que faça como os magos.

Prostre-se.

Adore.

Oferte sua vida a Ele.


E não se esqueça de comer verduras.