domingo, 23 de dezembro de 2007

De Anfitrião a Penetra

Você já conhece esta história. Talvez ainda não tenha prestado atenção aos detalhes, mas tenho certeza de que já conhece.

Ademar está fazendo aniversário. Seu pai não quis deixar essa data tão importante passar em branco; portanto, tratou de arrumar a casa para uma grande festa.

Sem se preocupar com os gastos – afinal de contas, o pai de Ademar é o governador –, o aniversariante não deixou ninguém de fora da lista de convidados. Chamou todos aqueles que conhecia. Era muita gente. Seria uma grande festa.

Os irmãos de Ademar já estavam esperando uma avalanche de presentes e cartões, pois todos diziam admirar muito aquele garoto que tanto bem queria a todos.

Hora da festa. Os convidados chegam um a um. No entanto, há algo errado. Nada de cumprimentos ou presentes para o anfitrião. Todos passam por Ademar sem sequer dirigir-lhe a palavra. O pai do menino observa tudo calado.

Para surpresa dos donos da casa, os convidados, em um dado momento, passam a trocar presentes. Sim, os presentes foram trazidos, mas não para a pessoa certa. Como numa brincadeira de “amigo secreto”, cada um recebe a sua parte, menos Ademar.

Ele olha com tristeza aquela cena: todos aqueles que sempre disseram que o amavam estavam na sua casa, comendo e bebendo do que ele lhes oferecia, sorrindo, falando de tudo e de todos, e ignorando a sua presença.

Os cartões não são para ele. Os presentes não são para ele. Os abraços não são para ele. Ele é um intruso em sua própria festa.

Esta é a história de Ademar.

Esta é a história de Jesus.

Todo fim de ano é a mesma coisa. As cidades enchem-se de cores e luzes. Todas as propagandas trazem a figura do “bom velhinho” e todos os shoppings ficam abarrotados, promovendo um show de consumismo que faria de Karl Marx um sério candidato ao infarto.

Presentes. Presentes. Presentes. Mãe. Irmão. Primo. Namorada. Titia número 1. Titia número 2. Blá, blá, blá... Santo décimo terceiro!

Será que Jesus e Ademar não estão fazendo as mesmas queixas? O dia 25 de dezembro ainda tem o mesmo significado?

Vejo nossa sociedade como aqueles convidados de Ademar. Para muitos, o Natal era a única oportunidade de lembrar que Jesus existe. Porém, tratamos de acabar com isso. No dia em que deveríamos lembrar o nascimento de Cristo, nossos amigos e parentes são presenteados. Não ensinamos nossas crianças a darem suas vidas como presente a Jesus, mas dizemos a elas que, se forem bem no colégio, receberão brinquedos do Papai Noel. Em vez de olharmos para o menino da manjedoura, é o velhinho do trenó que chama a nossa atenção.

Comemos e bebemos dos benefícios de Cristo e da sua misericórdia, mas preferimos agradecer ao patrão que nos pagou em dia.

Ignoramos até mesmo o Filho do Rei do Universo, mas temos ousadia suficiente de dizer que o amamos e o admiramos. Estamos na sua casa e não o respeitamos. Que péssimos convidados somos!

Está chegando mais um Natal. Diante de nós mais uma oportunidade de mostrarmos nossa consideração pelo “aniversariante”. Oportunidade de trazermos para Ele nossos cumprimentos em forma de louvor e nossas vidas como presentes, não só no dia 25 de dezembro, mas todos os dias de nossas vidas. Oportunidade de escolher entre o velhinho que entra pela sua chaminé e o Menino que gentilmente bate à sua porta.

Parabéns, Ademar!

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6).

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Por um Natal Coerente

Devo confessar algo: não sou fã de saladas. Comer verduras nunca foi o meu forte, mas preciso fazê-lo por uma questão de saúde. Por isso mesmo, dificilmente deixo de colocar no prato esses alimentos “coloridos”.

De vez em quando, faço-me de esquecido e, quando minha mãe percebe, a bronca é inevitável. O argumento dela é bom. Ela diz que não entende como posso negligenciar a importância das saladas, pois eu estudei essas coisas. Tenho o conhecimento necessário, mas, às vezes, não ajo de acordo com esse conhecimento.

Incoerente. É assim que se chama esse tipo de comportamento. O médico que, apesar de saber que o cigarro possui substâncias cancerígenas, opta por fumar é incoerente. O professor que ensina a importância das frutas na alimentação, mas que, no intervalo das aulas, ao invés de tomar um suco, pede um refrigerante, também é incoerente. Mas em matéria de incoerência, existe um pessoal que é mestre: são os principais sacerdotes e escribas do capítulo 2 de Mateus.

Após o nascimento de Jesus, Jerusalém recebeu uma visita que a deixou agitada. Magos do Oriente chegam à cidade trazendo na bagagem um questionamento: “Onde está o recém-nascido Rei dos judeus?” (Mateus 2.2). Eles sabiam que o Messias havia chegado ao mundo, mas não tinham idéia de onde encontrá-lo. O propósito deles é claro: “(...) viemos para adorá-lo” (idem).

Herodes, que também estava sobressaltado com a novidade, convocou os principais sacerdotes e escribas do povo para saber o local do nascimento do Cristo. Afinal de contas, eles eram as pessoas mais indicadas para responder questões relativas à lei e aos profetas.

De fato, eles demonstraram competência. Acertaram na mosca:

“Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel” (vv. 5 e 6).

Estranho! A notável competência daqueles homens não produziu neles uma atitude coerente. O seu vasto conhecimento das Escrituras não os fez tomar uma posição lógica.

Herodes enviou os magos a Belém (v.8); porém, eles partem sozinhos. Onde estavam os principais sacerdotes e escribas? Não sei. Só sei que eles não viajaram com os magos. Isso não é incoerente? Eles sabiam o paradeiro do Rei dos reis, mas não moveram uma palha sequer para vê-lo e adorá-lo. Em vez de ouro, incenso e mirra, os “competentes” religiosos ofereciam sua indiferença ao Menino Deus.

E nós? Como temos agido? Ao ver a “estrela-guia” no céu, alegramo-nos “com grande e intenso júbilo” (v.10), ou viramos as costas e seguimos a nossa vida como se nada houvesse acontecido? Caminhamos até Belém, ou acomodamo-nos em Jerusalém?

Há somente uma resposta coerente ao nascimento do Messias. Os magos nos ensinam qual é:

“(...) Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas (...)” (v.11).

Já estamos vivendo a época natalina e, por isso, gostaria de convidar você a tomar a atitude correta.

A Pessoa mais importante do universo nasceu. Como você vai reagir? Sugiro que faça como os magos.

Prostre-se.

Adore.

Oferte sua vida a Ele.


E não se esqueça de comer verduras.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Um Show de Aprovação!

Já que o vestibular da UFRN termina hoje, resolvi colocar esse texto:

Eu estava tranqüilo demais e isto, de certa forma, me perturbava (ué, mas eu não estava tranqüilo?). No dia da divulgação do resultado do vestibular, algumas pessoas foram pra minha casa cheias de expectativa. Sinceramente, eu suspeito que havia mais interesse em me ver sem os cabelos do que em me ver um universitário.

O resultado foi divulgado, a festa foi feita, e... bem... a cabeça... foi raspada. Não tente imaginar como eu fiquei depois disso; pode afetar sua boa noite de sono.

A maratona do vestibular é estressante. Todos os dias acordar cedo, assistir as aulas, revisar os assuntos. Os pais se preocupam, os namorados se descabelam (haja compreensão...), e o resultado é que não conseguimos estabilizar nossa vida.

O que me fazia perseverar? Qual a minha motivação para seguir nessa rotina de fadiga? Muito simples: havia bem na frente do meu nariz redondo um alvo. Meu alvo era um curso superior.

E quando se trata da vida espiritual?

Gosto das palavras do escritor aos Hebreus:

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus." (Hebreus 12: 1-2, grifo meu).

Todos nós estamos passando por um vestibular. Não de conhecimentos, mas de conduta. Não de raciocínio, mas de fé. E, ao final, precisamos ser aprovados.

"Procura apresentar-te diante de Deus aprovado (...)" (2 Timóteo 2: 15).

E como fazer para suportar a maratona frenética da vida? Siga o conselho do desconhecido escritor aos Hebreus: olhe para o alvo. Precioso alvo! Um diploma? Um curso? Uma universidade? Não, não... Troque essas palavras. Diploma não, Jesus. Curso não, seu Salvador. Universidade não, o céu.

Você não pode escapar do "processo seletivo". Sua inscrição foi feita no exato momento em que o espermatozóide do seu pai fecundou o óvulo da sua mãe... E você surgiu. Ao contrário do vestibular terreno, o de Deus não oferece outra chance; após a divulgação do resultado, estaremos destinados para sempre: viver com o Pai ou longe dEle.

"... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo." (Hebreus 9: 27).

Ah! E a data da seleção não foi dita. Ninguém sabe.

E então, como você está? Tranqüilo como eu estava (e estou)? Ou não tem certeza de que será selecionado?

Esteja certo de uma coisa. As vagas são ilimitadas e o "Supremo Reitor" o aguarda ansioso. Ele já pagou sua matrícula. Agora... Só depende de você.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Milagre em "Manivela"

Ontem, ouvi um depoimento interessante. Um amigo, que tentava consertar o meu computador, me contou como conseguiu eliminar o problema. Ele disse que não estava conseguindo identificar a real causa do defeito e já havia pedido esclarecimentos a algumas pessoas, até que... (agora vem a frase que me marcou) ... ele confessou: "Eu percebi que não sabia o que fazer".

Perfeito! Há em tais palavras um reconhecimento. Sabe o que ele fez? Simples: orou a Deus. Sim, ele orou pela minha máquina. Não, ele não precisou fazer lodo com saliva e areia e passar na placa mãe; ele simplesmente reconheceu sua dependência e orou apresentando-a a Deus.

Acho que não preciso dizer-lhe o resultado de sua petição (mas o farei). Ela foi atendida e meu computador voltou a funcionar na primeira tentativa pós-prece.

Assim que ele me contou, eu completei: "O primeiro passo para o milagre é reconhecer a sua fragilidade e dependência". Que lição o Senhor me ensinou através de Manivela (é assim que eu chamo meu computador)!

Quero todos os dias reconhecer que sou pequeno e dependente do meu Deus até para ir à padaria. Dessa forma poderei desfrutar dos seus milagres em minha vida.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O Delírio de Dawkins

Depois que tomei conhecimento do livro "Deus: Um Delírio" de Richard Dawkins, fiquei sabendo também que havia um livro para refutar as idéias do biólogo ateu. Segue o link para quem quiser conhecer. Eu, particularmente, pretendo ler.

www.mundocristao.com.br/odelirio

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Coral "Manco" É Melhor!

Há alguns dias (pouco mais de dois meses), o coral que Deus dirige usando a minha pessoa estava comemorando seus 23 aninhos (antes que alguém faça contas precipitadas, não sou fundador do coral). Fizemos quatro cultos de ações de graças e, nos dois últimos, nossa situação estava complicada. Como assim? É simples. Havíamos ensaiado algumas músicas novas, mas pelo pouco tempo que tivemos para prepará-las, elas não estavam – digamos – tão “audíveis”.

Reuni o grupo no último ensaio e disse o que eles já sabiam: “precisamos de um milagre de Deus”. E Ele o fez. Durante esses dois últimos cultos, vimos Deus fazendo por nós o que não poderíamos fazer. Não vou dizer que as músicas foram executadas de forma a agradar os mais cruéis críticos musicais, mas sei que o som que saía de nossas bocas não seria o mesmo se não houvesse uma intervenção divina. Em vista disso, eu só tinha uma conclusão à qual chegar: “Nosso coral é totalmente dependente de Deus”. E foi isso o que eu disse à igreja naquelas duas noites.

Não temos nenhum corista chamado Jacó, mas se o filho de Isaque (aquele do Gênesis) cantasse conosco, certamente ele diria: “Já vi esse filme antes”. Sim, ele já passara por uma experiência de dependência.

Veja. Ele está sozinho (cf. Gênesis 32.22-32). Sua única companhia é o medo de encontrar-se com seu irmão Esaú, ao qual enganou. Não bastasse isso, surge um homem querendo briga. Você sabe: quando um não quer, apanha sozinho; portanto, Jacó lança-se aos murros contra aquele homem. A luta parece equilibrada até que a alva começa a subir. Como não consegue prevalecer, e quer ir embora, o tal “homem” desloca a juntura da coxa de Jacó. Porém, vemos um Jacó determinado a mudar de vida, pois ele já reconheceu que esse “homem” o pode abençoar.

“(...) Não te deixarei ir, se não me abençoares” (v.26).

Após Jacó reconhecer sua identidade usurpadora, seu nome é mudado para Israel e muita coisa muda daí por diante na sua vida. No entanto, quero ater-me a apenas uma mudança. Está escrito:

“E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa (v.31 – ênfase minha).

Imagine Jacó, depois da luta, ao raiar do dia, ferido, sujo, cansado, maltrapilho, mancando, mas abençoado. Abençoado pela fé, pois, na prática, nada havia mudado ainda, a não ser o seu nome. Você pode vislumbrar a cena: Jacó aproximando-se das suas mulheres (mancando, não se esqueça!), dos seus filhos e dos seus servos e anunciando que a partir daquele dia ele deveria ser chamado de Israel e que tudo mudaria para melhor? Alguém pode ter duvidado das palavras de Jacó, ou melhor, Israel (perdão). Ele não tinha nenhum sinal de bênção, pelo contrário, o que ele tinha eram marcas de uma luta. No entanto, ele mancava. Para Israel, isso era suficiente.

A princípio, não era possível visualizar a bênção, mas, a cada passo que ele dava, vinha à sua mente a imagem do “homem” abençoador de Peniel. Aquilo que parecia um dano físico era, na verdade, um penhor espiritual, a garantia de que dias melhores viriam. A Bíblia não nos informa quanto tempo Israel mancou. Pode ter sido por alguns dias ou pelo resto da vida. O que é certo é que cada passo falho mostrava-lhe o quanto ele era dependente de Deus.

Se ele cantasse no nosso coral, poderia nos ensinar essa lição de viva voz.


Agora, somos um coral de “mancos”: pessoas tocadas e abençoadas pelo “homem” de Peniel. Pessoas completamente dependentes dEle.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Deus Chama você para ser um Religioso

Todos nós já passamos por uma situação constrangedora. Aquela queda em plena calçada da avenida mais movimentada da cidade; ou aquela pessoa da qual você se aproximou cheio de brincadeiras até perceber que não era quem você estava pensando; ou, ainda, aquela vez em que você trocou o nome da sua namorada exatamente na hora do “eu te amo”. Lembra? Espero que não.

Essas situações enchem-nos daquele mesmo sentimento que invadiu Adão e Eva no momento em que pecaram: vergonha. E é com esse sentimento que quero relatar para você uma situação que vivi.

Caminhando pelo calçadão da praia de Ponta Negra, à noite, passei por duas crianças que, deitadas no chão, dormiam, tentando aquecer-se mutuamente. Pensei comigo que não havia o que fazer. Eu não poderia ajudá-las. Será? Senti-me como aquele sacerdote (ou como o levita) do capítulo 10 de Lucas, que viu o homem caído no caminho e passou de largo (Lucas 10.31,32). Nada fiz para ajudar os meninos.

Refletindo sobre tudo isso, comecei a questionar um determinado discurso que a cada dia torna-se mais comum nos púlpitos das igrejas: “Deus não o chamou para ser um religioso”.

Alguns pregadores tomam por base o fato de, nem o sacerdote, nem o levita haver demonstrado amor para com o homem semimorto, para divulgar a idéia de que você não precisa ser um religioso para fazer a vontade de Deus. O lema atual é: “Diga não à religiosidade e sim a Jesus”. Bonito, não é? Seria, se não houvesse algo sutilmente escondido por trás de tudo isso.

As pessoas não se dão conta de um detalhe importantíssimo: O sacerdote e o levita do texto de Lucas não eram verdadeiramente religiosos. Não? Não. E quem vai explicar-lhe isso é o irmão Tiago:

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1.27).

Se eu ignoro a situação do meu próximo, de fato, não ajo como um seguidor da verdadeira religião. Este é o cerne da questão. Ser um religioso, aos olhos humanos, é ser membro de uma instituição ou igreja. Ser um religioso verdadeiro, aos olhos de Deus, é fazer conforme o ensino de Tiago.

O problema é que há alguns que transformaram o termo “religião” ou “religiosidade” em algo quase pejorativo. E isso é perigoso! É perigoso porque o que está crescendo bem debaixo do nosso nariz é uma geração de crentes que não querem ter compromisso com nada e com ninguém. Eles acham que cumprir os “ritos” de uma igreja fará deles meros religiosos, e não seguidores de Cristo. E, sutilmente, isto vai fazendo com que alguns achem que a instituição “igreja” não possui nenhum papel relevante na sociedade.

Essa geração de que falo preocupa-se tanto com a “parte espiritual” de sua vida, que se esquece do papel social da igreja do Senhor. É imprescindível perceber que, sem me preocupar com o meu próximo, não posso agradar a Deus.

Para alguém ser um verdadeiro religioso, Tiago enumera duas coisas: (1) “visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações” (isto fala do relacionamento da igreja com a sociedade) e (2) “a si mesmo guardar-se incontaminado do mal” (isto fala do relacionamento com Deus). Agora, responda-me: Deus não chamou você para ser um religioso? Claro que sim!

De que adianta falar do amor de Deus, se eu mesmo não demonstro esse amor? Não podemos viver um Evangelho puramente teórico. Cristo deixou-nos o exemplo. Ele não apenas ensinou multidões, mas também as alimentou. Por quê? Porque ele sabia que, na didática divina, o processo de ensino-aprendizagem nunca será completo, sem a parte prática da lição.

Ser um religioso não vai de encontro à vontade de Deus. Pelo contrário, o desejo dEle é que nos mantenhamos incontaminados e que mostremos o amor de Cristo à sociedade. Portanto, igreja, sejamos religiosos! Manifestemos nossas obras para que o mundo reconheça a nossa fé.
No lugar da vergonha, ousadia. No lugar do constrangimento, amor de Deus.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Deus: Um [Maravilhoso] Delírio

Há alguns dias, passei por uma livraria e um dos livros da seção de lançamentos me chamou a atenção. Seu autor era o biólogo Richard Dawkins e seu título era “Deus: Um Delírio”. Para mim, não foi exatamente uma surpresa, pois já conhecia a fama do escritor: ele é um dos mais fervorosos defensores do ateísmo, na atualidade.

Na verdade, naquele momento, um sentimento mestiço me invadiu. Eu sentia uma mescla de indignação e satisfação, concomitantemente. Indignação por não compreender como alguém pode negar o ser mais real “da existência” (não posso escrever “do universo” porque o Magnífico não se limita a ele); satisfação em perceber que, até nisso, a Palavra de Deus se cumpre.

Não sei se o Todo-Poderoso já havia revelado Dawkins para Paulo, mas quando leio as palavras do apóstolo, isso me passa pela mente, mesmo que por um instante apenas. Leia:

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1 Coríntios 2.14 – ênfase minha).

É como se Paulo tivesse escrito esse trecho pensando no biólogo ateu. Chamar Deus de “delírio” é o cumprimento mais claro que já vi desse versículo. Sem querer, Dawkins se presta à execução de uma verdade bíblica. O motivo? Simples: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens” (1 Coríntios 1.25a).

A sabedoria e a erudição humanas não parecem ter valor algum se o homem não se fizer como “pequenino” diante de Deus. A arrogância tem afastado muitas criaturas da possibilidade de comunhão real com o Criador. Chamo de arrogância porque não encontro outro vocábulo mais adequado para definir o sentimento de alguém que se acha demasiadamente importante, a ponto de não conseguir reconhecer a existência de alguém superior a si. Jesus advertiu:

“(...) Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11.25).

Também sou biólogo e sei que não detenho nem um quinto do saber científico do Sr. Dawkins, mas prefiro isso a ser enquadrado nas palavras que Paulo (novamente) deixou para os romanos, falando acerca de alguns que, “inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1.22).

Sim. Pode chamar o Altíssimo de “delírio”. Ele é um “maravilhoso delírio” revelado a nós. Graças a Deus!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Viver o Melhor de Deus. Onde?

Criatividade. Qualidade de quem é inventivo, criador. Esta característica é imprescindível no mercado de trabalho atual, inclusive para mim, que sou professor. Criar meios de alcançar os objetivos propostos, com duzentos alunos, não é tarefa das mais fáceis.

Ao que parece, no entanto, o povo de Deus é dotado de uma dose extra dessa qualidade especial. O que temos visto de “invenções” no meio da igreja não está no gibi (nem na Bíblia, em alguns casos).

Depois da febre dos “apaixonados” por Jesus, da “adoração no DNA” e da idéia de que a qualidade do tempo importa mais do que a quantidade de tempo na presença de Deus, surgiu mais uma invencionice no imaginário cristão. O lema é: “Viva o melhor de Deus”.

Mais uma vez, trata-se de uma frase que provoca um forte efeito em nós; afinal de contas, quem não quer sempre o melhor? Quem não é atraído pela idéia do bom, do rentável, do confortável? Entretanto, ao mesmo tempo em que esse discurso é encantador, é também (julgo eu) perigoso. Perigoso porque desvia a minha atenção daquilo que é realmente o melhor de Deus para a minha vida.

O apóstolo Paulo escreve aos Coríntios:

“(...) mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2.9).

Em outras palavras, Paulo afirma que existe algo melhor preparado, que nem ele mesmo nem ninguém alcançou, ainda.

Quando alguém afirma que os filhos de Deus devem viver o melhor de Deus, já, sinto como se uma mão estivesse forçando minha cabeça a olhar para baixo, e não para cima. É como se este mundo em que vivemos fosse o alvo da minha esperança; mas isso não pode ser verdade. Não consigo imaginar algo que seja o melhor de Deus para mim que não seja o céu, a cidade celestial. A minha morada eterna é aquilo a que devo me apegar, com todas as forças e desejar, ardentemente, em todos os momentos. João nos encoraja a ter esse sentimento quando diz que naquela Cidade “nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos”. (Apocalipse 22.3-5).

Será que há na Terra algo melhor que isso? Impossível! O melhor de Deus para nós tem nome: Céu. Não significa que eu não queira ser abençoado aqui; apenas afirmo que a vida que levo aqui, neste mundo, nunca será comparável à vida que terei na eternidade. Tente sentir:

“E [Deus] lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apocalipse 21.4).

Vivemos hoje as “primeiras coisas”, mas o melhor virá. Cristo já o conquistou para nós, na cruz do Calvário.

Quando leio as palavras de Paulo e de João, novamente minha visão se eleva e o foco volta para o lugar de onde jamais deveria ter saído.

Quero encorajá-lo a jamais perder de vista o que é realmente melhor para você.

Espero, também, que a criatividade do povo de Deus não extrapole as linhas e entrelinhas bíblicas.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Para estrear:

COMBINANDO O BARRO COM UM TESOURO


TRIM! Após o toque do sinal, a correria é visível nos corredores de uma escola. Os alunos se dirigem às suas salas e marcam seus lugares. Os professores pegam o material necessário e seguem para vencer mais uma etapa do desafio chamado Educação. Em poucos minutos, estão todos em seus postos realizando a parte que lhes cabe nessa missão. Gosto disso.

Sou professor. Não por falta de outra opção melhor. Não porque conheço alguém que facilitou as coisas pra mim. Não. Sou professor simplesmente porque gosto de sê-lo. Sou professor porque gosto de desafios novos a cada dia; porque gosto de ir ao trabalho sem saber exatamente o que o dia me reserva. Sou professor porque gosto de influenciar vidas.

Quando, no entanto, se fala em ser professor, a imagem que logo surge na mente das pessoas não é nem um pouco parecida com essa que descrevi no parágrafo anterior, mas é a imagem daquele que trabalha muito e ganha pouco. O professor brasileiro ainda é um profissional desvalorizado.

No ano passado, inscrevi-me num concurso para lecionar em um município do Rio Grande do Norte. Quando li no edital o salário, confesso, fiquei tão animado quanto quando ouço a Hora do Brasil. Não, não vou dizer quanto era, mas fez com que eu me sentisse, de certa forma, sem valor para a sociedade. Senti-me um nada depois de coisa alguma. Só fui convencido do contrário pela Palavra de Deus.

Olhemos para Adão. Não o Adão que cuidava do jardim, mas o Adão ainda recém-esculpido por Deus e sem vida. O que vemos? Pó da terra em forma de homem (cf. Gênesis 2.7). Bonito? Com certeza. Valoroso? Impossível. Deus não fez o homem a partir do ouro, da prata ou do ferro. Deus não recheou a estrutura humana de nobreza. Deus fez Adão do “pó”.

O que Deus fez em seguida é que fez toda a diferença:

“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gênesis 2.7 – grifo meu).

O SENHOR Deus colocou dentro do homem algo divino: o fôlego da vida. Diretamente do interior de Deus para o interior do homem. O pó inerte ganhou células, tecidos, músculos, pulmões, coração pulsante, um cérebro com milhões de conexões neuronais complexas e “o homem foi feito alma vivente”. O Criador não fez nada semelhante com os outros seres vivos. Essa singularidade deu ao homem uma posição especial na criação. A matéria-prima sem valor tornou-se, então, a coroa da criação divina.

O Criador nos valoriza. Jesus confirmou isso. Sim, ele deixou isso bem claro quando, do alto de um monte, ensinava os seus discípulos a não andarem ansiosos quanto à vida deles (cf. Mateus 6.25-34). Se o Pai celestial provê o alimento para as aves do céu, que nada entendem sobre agricultura, não faria o mesmo por nós? Afinal de contas, completou Jesus, “não tendes vós muito mais valor do que elas?” (v.26). Valor? Eu? Isso mesmo! Não satisfeito, o Educador Jesus dá um outro exemplo: Se Deus veste os lírios do campo, que nunca pegaram num fio para coser, não faria o mesmo conosco? Mais uma vez, ele nos demonstra apreço quando diz: “(...) não vos vestirá muito mais a vós?” (v.30).

Sinto-me bem melhor com as palavras de Jesus do que com o meu salário. Também gosto das palavras que o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios em sua segunda carta:

“Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4.7).

A graça de Deus derramada em nossos corações é como um tesouro colocado em vasos de barro (lembra-se de Adão?). Novamente somos comparados ao barro sem valor. E, novamente, Deus valoriza esse barro pondo nele algo de si mesmo. Ele tem grande estima por nós!

A consideração de Deus para com os homens também alcançou uma mulher pecadora. João nos conta sua história (cf. João 8.1-11). Ela fora apanhada no ato do adultério e levada à força até o templo, onde Jesus estava. É improvável que alguém se tenha preocupado em vesti-la; portanto, imagine como aquela mulher se sentia levando os pesos da vergonha e do pecado. A última coisa que ela poderia pensar é que alguém lhe pudesse dar valor. Os escribas e os fariseus não o fizeram; por que Jesus o faria?

Os conhecedores da lei queriam apedrejá-la. Eles se colocaram em posição de julgamento e, portanto, de superioridade em relação àquela pobre mulher. Mas Jesus pensava diferente:

“(...) Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8.7).

Pela primeira vez desde que foi pega, aquela mulher encontrou um resquício de dignidade nas palavras de alguém. Na verdade, Jesus derrubou os “doutores” de seus pedestais e colocou-os no mesmo patamar da acusada. Eram todos pecadores. Mais uma vez o Mestre dedica valor a quem não merece. Mais uma vez o barro sujo recebe o tesouro da graça divina e uma nova chance: “(...) vai-te e não peques mais” (v.11).

Desprezado pela família? Desonrado pelo filho? Humilhado no emprego? Professor? Jesus valoriza você!

Para mim, é confortante saber que, se uma prefeitura municipal não me valoriza tanto, o Reino de Deus o faz. É bom saber que sou caro para Deus. Pelos méritos de Jesus, meu valor é alto.