sábado, 20 de dezembro de 2008

A Devoção Certa à Pessoa Errada

Eu não quis acreditar no que eu estava ouvindo, mas era verdade. Não importa o quão chocante possa parecer; eu escutei. Parei atônito. Lamentei.

Estou me referindo a uma frase que escutei nesta semana quando assistia a um telejornal. Deixe-me situá-lo. Você deve ter ouvido falar na passagem da cantora Madona pelo Brasil. Não sei exatamente sobre o que era a reportagem (não vi desde o início), mas tinha algo a ver com isso. Havia alguém fazendo comentários sobre o que é um “fã”, e uma garota que se mostrava fã de Madona foi entrevistada e fez a seguinte declaração: “Minha religião é a Madona. O que ela diz, amém pra ela”.

Foi aí que fiquei perplexo com tamanha devoção. Dedicar um “amém” (que significa “assim seja”) a todas as palavras de alguém já ultrapassa o patamar de admiração e chega ao nível de adoração. Madona se tornou para essa garota, de fato, um ídolo, alguém de onde não pode sair nada ruim, a fonte de tudo aquilo que é confiável e bom; enfim, tornou-se seu deus.

A perda da capacidade de crítica é uma das características do “fã”. Ele não consegue criticar o que ouve seu ídolo dizer, ou vê-lo fazer; tudo está certo, tudo é bom. Prefiro, no entanto, ficar com as palavras de Paulo, o Apóstolo. Ele sabia que tinha em mãos a Palavra verdadeira de Jesus Cristo, mas não excluiu a possibilidade de ele mesmo vir a crer em outra coisa e pregá-la. Ele afirma aos Gálatas:

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos tenho pregado, seja anátema” (Gálatas 1.8).

Quando diz isso, Paulo coloca toda autoridade de Verdade Absoluta na Palavra de Deus e não em si mesmo. Paulo não achava que as verdades que ele falava vinham dele mesmo, mas de Deus. Por isso, estimulava os gálatas a que criticassem sua mensagem. Se ela fosse diferente daquela que eles já haviam recebido, então seria maldita. Ele também disse a Timóteo:

“Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (I Timóteo 1.15 – ênfase minha).

A mensagem do evangelho é, sim, “digna de toda aceitação”. Nada mais. O presidente da nação pode errar, meus pais podem falhar, seu médico pode se equivocar, esse texto que você está lendo pode conter falhas, Madona pode se enganar, mas a Palavra de Deus não! Ela é digna de aceitação.

Sei (e isso é triste) que não temos, muitas vezes, por Deus e por suas palavras, a mesma consideração que a garota da entrevista tem pelas palavras da cantora pop. É uma pena quando isso acontece. É uma pena quando Deus nos diz algo, e nós, no auge de nossa ignorância, criticamos, e achamos que do nosso jeito é melhor. Essa atitude não é nada inteligente.

Por fim, peço a Deus que transforme a mente daquela garota e que ela – e nós também – tenhamos tamanha devoção pelo Senhor e por suas palavras.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Família: Reflexo da Divindade

Esta minha pequena reflexão fez parte do boletim semanal da Igreja Assembléia de Deus em Candelária, impresso no dia 23 de novembro de 2008, por ocasião do Culto da Família.


Ao pensarmos no que a palavra “família” representa para nós, várias idéias podem vir à nossa mente: aconchego, carinho, apoio, cumplicidade, exortação, amor, etc. Todos esses aspectos do relacionamento familiar já dão a ele um tom de importância, já despertam em nós o sentimento de que é algo que deve ser cultivado e tratado com apreço. No entanto, quero acrescentar outra idéia. O ponto-de-vista divino.

Para Deus, a família é um projeto prioritário, visto que foi a primeira instituição fundada por ele mesmo aqui na Terra. Além disso, a família é um reflexo da própria Divindade. Olhemos para o relacionamento entre a primeira e a segunda pessoa da Trindade e perceberemos isso: Pai e Filho. Nesse caso, não posso pensar diferente: Família é algo divino. Família é algo sagrado. Foi Deus que a instituiu para ser um lugar de realização e concórdia, assim como a Trindade o é. Aquela bela cena, então, ecoa em minha mente: O Espírito descendo sobre o Filho em quem o Pai se compraz. Perfeito! Bom será quando todos entendermos que a família é (ou deve ser) um reflexo da Divindade. Fica, portanto, para nós, este privilégio e responsabilidade.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Chamados por Amor

Há alguns dias venho ouvindo uma bela música cujo título é “Por Amor”, cantada por um grupo adventista chamado Novo Tom. A letra dessa canção fala do sacrifício de Jesus Cristo e relembra-nos de que tudo o que Ele sofreu não foi sem um porquê; foi por amor a nós.

Num dado momento, o letrista nos diz:

“Todo aquele que crer, enfim,
Não despreze o convite, hoje vem a Mim

De qualquer forma, em qualquer lugar
Novo rumo pra vida vai encontrar

Nesse amor”.

Quando escutei esse trecho, lembrei-me de um momento crucial na vida de Jesus Cristo: A escolha dos discípulos. Esse momento era importante porque Jesus iria escolher aqueles que o acompanhariam no seu ministério e aprenderiam com Ele. O evangelista Mateus nos conta assim uma parte dessa história:

“E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no. E adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no” (Mateus 4.18-22).

Olhe para Pedro, André, Tiago e João; o que você vê? Chefes de gabinete romanos? Deputados provinciais? Presidentes de ONG’s ambientalistas da Galiléia? Não! O que você são simples pescadores. Porém, não são pescadores prontos para uma festa, trajando suas melhores roupas e com odor apreciável; são pescadores mal vestidos, suados e cheirando a peixe fresquinho.

Diante de tal imagem (e aroma), Jesus teve a brilhante idéia de lhes fazer um convite. Não para lutarem contra o aquecimento global, mas para serem “pescadores de homens. Ele queria discípulos e, pelo visto, foi compreendido. Mas há um detalhe nessa história que me faz pensar. Não seria melhor aqueles homens tomarem um bom banho antes de seguir Jesus? Afinal de contas, Ele era um “Mestre”, não outro pescador da vila. Sabonete e desodorante seriam bem úteis naquele momento.

Não. Aqueles homens não se importaram se iriam agredir o olfato de Jesus, muito menos se Ele não se incomodaria com as roupas deles. Eles simplesmente deixaram suas redes de lado e o seguiram como estavam.

Que bom seria se todos fizéssemos o mesmo. Muitas vezes, ouvimos pessoas dizerem que só seguirão a Jesus quando abandonarem algo que as prende, algum pecado. E o pior: alguns filhos de Deus, que já confessaram a Jesus como seu Salvador, em alguns momentos de falhas, tentam por seus próprios esforços “melhorar sua situação” diante de Deus. Pode acreditar: nunca conseguirão.

A única coisa a fazer quando estamos sujos, maltrapilhos e fedendo a pecado “fresquinho” é aceitar o convite do Mestre. Jesus sabia que eles estavam sujos, mas chamou-os assim mesmo. Jesus estava cônscio de que, a princípio, a companhia daqueles homens poderia não ser agradável, mas chamou-os assim mesmo. Da mesma forma, Ele sabe das nossas fraquezas, Ele assiste com tristeza às nossas transgressões, Ele conhece o odor fétido dos nossos pecados, mas, assim mesmo, Ele continua a nos convidar: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28).


Realmente, a mensagem da música cantada pelo Novo Tom continua viva. Esse amor imensurável de Cristo dará um novo rumo (cf. 2 Coríntios 5.17) para a vida de todo aquele que crer (cf. João 3.16). Não somos nós, pelos nossos méritos, que conseguiremos mudar nossa vida, mas Ele o fará.


Por isso, podemos, “de qualquer forma, em qualquer lugar”, aceitar o convite que nos é feito... Por amor.

domingo, 14 de setembro de 2008

Dois Homens - Uma Lição

Há poucos dias, eu estava numa parada de ônibus e uma cena fez-me parar e observar. Um senhor que aparentava seus 50 anos estava distribuindo folhetos evangelísticos para as pessoas. Algumas imediatamente se colocavam a ler os folhetinhos, mas outras apenas viam de que se tratava e desviavam a atenção. Até aí, tudo normal (quem já entregou folhetos evangelísticos nas ruas sabe que é assim que a maioria das pessoas reage).

Um outro senhor, porém, foi mais enérgico. Quando recebeu a literatura, perguntou: "o que é isso?". O evangelista gentilmente explicou-lhe que se tratava de uma mensagem da parte de Deus para ele, uma mensagem de paz, mas sua explicação não foi bem recebida. O "evangelizado" fez um sinal negativo com a cabeça, cara de mau e, em seguida, amassou e jogou o papel no chão. O evangelista não disse nada. Apenas virou-se e continuou o seu trabalho.

Nesse exato momento, meu ônibus chegou, e já subi com uma indagação em mente: O que faz alguém ter ódio de uma mensagem de paz? Por que alguns preferem abarrotar seus bolsos com "santinhos" de políticos a receber um simples folheto com uma mensagem bíblica?

Balancei a cabeça e pensei: "ele não sabe o que faz". Achando que machucaria o senhor evangelista, na verdade, estava rejeitando o próprio Jesus Cristo.

Fiquei imaginando o que poderia responder a meu questionamento. O que faz uma pessoa odiar a mensagem divina? E a única resposta que tenho no momento é a de que essa mensagem não agrada porque denuncia a culpa do homem. E ninguém gosta de ouvir certas verdades. Ninguém gosta de ouvir que está errado, mesmo quando sabe que é verdade. Ninguém gosta de falar em pecado quando não vive uma vida santa. Deve ser por isso que aquele senhor não gostou de receber a mensagem evangelística; pois o mesmo Deus que diz "Eu te amo" é o que exige "Tome a sua cruz". Isso machuca o ego de muitos.

Por que abandonar meus maus hábitos? Por que viver em retidão? É mais fácil olhar com cara de poucos amigos para os evangelistas tentando intimidá-los. Quem sabe, assim eles não param de nos denunciar...

O evangelho denuncia o pecado e oferece esperança ao pecador, mas a sociedade prefere rejeitar as boas novas, pois os prazeres do erro são viciantes. Que pena!

Que Deus tenha misericórdia daquele senhor da parada de ônibus e coloque vários outros evangelistas em seu caminho. Talvez haja esperança...

"Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me" (Mateus 16.24).

sábado, 23 de agosto de 2008

Medalhas Diárias

Nestes últimos dias, o mundo tem dedicado alguns instantes do seu tempo exíguo para acompanhar o maior evento do esporte mundial: as Olimpíadas. No entanto, o que mais me surpreendeu não foram os oito ouros do peixe, ou melhor, nadador Michael Phelps, ou a derrota da seleção brasileira feminina de futebol na final, tampouco a vitória de Maurren Maggi no salto em distância. Minha maior surpresa foi causada por um sueco: Ara Abrahamian.

Sua carreira na luta greco-romana terminou juntamente com sua participação nos jogos olímpicos, mas seu nome está cravado na minha mente e deve permanecer assim por algum tempo. Após a luta que decidiu a medalha de bronze ao seu favor, inesperadamente, não vimos um atleta alegre pela conquista, mas um atleta frustrado. Essa cena me pareceu, no mínimo, paradoxal. Quem poderia receber um prêmio e se sentir diminuído por isso? Quem poderia receber o atestado de terceiro melhor do mundo e não ser grato? Resposta? Ara Abrahamian, o protótipo olímpico da arrogância.

Tal qual um menino mimado, ao receber sua bela medalha, rejeitou-a por não ser de ouro. Ele havia feito planos de ser o melhor e não conseguiu. Foi um dos melhores; mas não era o suficiente. O bronze, que para muitos seria uma dádiva, para ele era um opróbrio. A causa disso tem nome: Arrogância.

Ao tomar conhecimento desse fato, lembrei-me de que muitas vezes agimos como Abrahamian. Somos arrogantes diante das bênçãos que recebemos diariamente.

Lutamos para alcançar um objetivo, mas, quando ele não vem exatamente como planejamos, fazemos beicinho e rejeitamos o presente divino. “Seja feita a minha vontade” parece ser uma oração muito mais atrativa do que a original, e quando ela não é atendida, colocamos a culpa em quem? Isso mesmo: em Deus! E isso é ABSURDO!

Somos agraciados todos os dias com inúmeras bênçãos, algumas das quais sequer chegamos a tomar conhecimento. Três refeições (pra não ser desagradável com alguns), família, teto, livramentos de morte, saúde, etc. Medalhas e mais medalhas divinas. Tudo isso nos é dado, mas se não comprarmos aquele modelo de carro, naquela cor, daquele ano... O cuidado de Deus começa a ser questionado.

Certa vez, Tiago e João aproximaram-se de Jesus para lhe pedir algo. Eles queriam um lugar de destaque no Reino.

“Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda” (Marcos 10.37).

A resposta que Jesus lhes deu seria, para Abrahamian, como uma medalha de bronze:

“[...] quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado” (v.40).

Agora, fico imaginando: E se Tiago e João tivessem deixado tudo de lado? Se não for para ficar perto do seu trono, então não será em lugar algum! E se eles tivessem rejeitado a oportunidade de simplesmente fazer parte do Reino? Graças a Deus, eles não o fizeram. Apesar de haver um pouco de petulância em seu pedido, aparentemente, eles compreenderam a resposta de Jesus e aceitaram permanecer, mesmo correndo o risco de não ter o seu pedido atendido.

Abrahamian deveria ter feito o mesmo. Deveria ter encerrado sua carreira com gratidão em seu coração por ter sido achado digno de receber uma medalha. Nós devemos fazer o mesmo: Olhar para o nosso peito e vislumbrar as medalhas que Deus nos dá diariamente. Sejam elas de ouro, prata, bronze ou qualquer outro material, se foram dadas por Deus, é porque assim foi do seu soberano agrado e vontade.

Abrahamian abandonou sua medalha no pódio porque não fez como os filhos de Zebedeu; porque não teve uma lição de humildade e submissão.

Façamos, portanto, diferente. Aceitemos as medalhas de Deus, mesmo que não sejam as que nós desejávamos, pois, ainda assim, são infinitamente superiores às de Pequim.

Tenha certeza disso.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sede Agradecidos

Assistindo a um telejornal, na semana passada, chamou-me a atenção a quantidade de vezes que as pessoas entrevistadas citaram a conhecida expressão “graças a Deus”. Conhecida, repetida e automatizada, essa expressão perdeu seu valor real. No entanto, a maneira como aquelas pessoas a pronunciaram me fez perceber algo de genuíno em suas palavras.

O homem que conseguiu salvar sua mercadoria de um incêndio diz: “Graças a Deus!”. A mulher que escapou ilesa da mira de uma arma, igualmente, exclama: “Graças a Deus!”. Uma das expressões mais “batidas” da língua portuguesa ganhou de volta o seu sentido de reconhecimento e gratidão, deixando de ser apenas uma frase de efeito.

Gostaria, porém, que você percebesse que a gratidão que hoje tem sido transformada em meras palavras, deve ser demonstrada em atitudes.

Certa vez, conta-nos Lucas (17.11-19), Jesus atendeu ao pedido de dez leprosos, que queriam ficar curados. Entretanto, somente um deles, ao perceber que ficou são, voltou glorificando a Deus em alta voz” (v.15 – ênfase minha). Lucas continua, dizendo que este homem “caiu aos seus pés [de Jesus], com o rosto em terra, dando-lhe graças (...)” (v.16 – ênfase minha).

Sim. Havia nele um coração agradecido, mas, mais do que isso, havia uma atitude agradecida. Simplesmente não tenho como saber o que se passou na cabeça daqueles nove que não retornaram, mas imagino que não tenham se esquecido tão fácil de Jesus. Talvez tenham testemunhado para os seus amigos do milagre que o Mestre havia feito neles. Talvez tenham olhado para o céu e tenham dito com sinceridade: “Que Javé abençoe aquele bom Profeta”. Não sei. Não temos como saber. No entanto, sabemos o que Jesus achou da atitude deles. Jesus julgou-a inadequada.

“(...) Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?” (v.17).

Diante do que Jesus faz por nós, só há uma atitude apropriada: voltarmo-nos para Ele e cairmos aos seus pés em reconhecimento e gratidão. Não sei quanto tempo aquele homem andou até encontrar Jesus, mas ele sabia que tinha de voltar para demonstrar o que o seu coração sentia. Os outros nove não voltaram. De posse de tamanha bênção, nada fizeram. Isso é inadequado. Jesus quer mais – de mim e de você.

Jesus quer que nossos sentimentos com relação a Ele não fiquem apenas nas palavras, mas partam para o campo das atitudes.

Os nove “ingratos” foram curados. O samaritano que voltou foi salvo (v.19). E isso faz muita diferença.

Graças a Deus!


domingo, 13 de julho de 2008

A Palavra Permanece


Javé - O Único Deus

Na semana passada, escutei a frase que me motivou a escrever este breve texto. Dizia o seguinte: “Existem vários deuses no mundo” (imagine uma pessoa dizendo isso de maneira enfática, quase explosiva, como se estivesse chamando qualquer pessoa que não concordasse com ela de ignorante).

Tal afirmação fez com que minha sobrancelha direita se elevasse solitária. Fez também com que ecoasse em meus esforçados neurônios as palavras do apóstolo Paulo, quando, escrevendo aos coríntios, lembrou-lhes de que “[...] o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8.4).

Realmente, não consigo imaginar um céu repleto de compartimentos destinados aos vários deuses que se conhece na Terra. Meus neurônios (que são bastante esforçados, acredite!) não conseguem mentalizar um reino celeste dividido em vários domínios, cada um deles governado por um deus: Província de Baal, Província de Alá, Província do Meu Umbigo, etc. Não consigo, muito menos, imaginar que Deus – o nosso Javé – consentiria com isso. Lembra-se do que Ele disse?

“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura”. (Isaías 42.8).

Esse Deus exclusivista é o meu Deus. Esse Deus que não divide a sua divindade com ninguém é o único digno de que acreditemos nEle.

O homem pode inventar muitos deuses, mas a sua imaginação não pode mudar a realidade. O fato de eu passar a acreditar que existem vários clones da minha pessoa rondando pelo planeta não faz disso uma verdade (graças a Deus!). Existe uma realidade absoluta e que, portanto, serve para todos. Essa realidade está descrita nas páginas da Bíblia.

E quem me garante que as coisas funcionam dessa forma, Rodrigo?
Quem provar, verá.

domingo, 22 de junho de 2008

Olha para Nós!

Uma moedinha, por favor! Uma esmola! Alguém me ajude, pelo amor de Deus!

Esse som era comum para aqueles que iam ao templo. Ao chegarem próximo à porta Formosa, os transeuntes diariamente se deparavam com a mesma cena: Um homem, que nascera coxo, suplicava por dinheiro (cf. Atos 3.1-10).

Provavelmente, Pedro e João já o conheciam. Talvez o coxo já houvesse pedido moedas a eles, em outras oportunidades. Talvez eles até mesmo as tenham dado. Certa vez, entretanto, os apóstolos sentiram que não era dia de esmola, mas de milagre. Ao ouvir os rogos daquele homem, Pedro não leva as mãos aos bolsos (se é que os tinha), mas põe o seu coração na miséria do homem e prepara-se para presenciar um evento sobrenatural.

Os apóstolos sabiam que não era deles o poder para curar, mas aprenderam com o Mestre que, se tivessem fé, pediriam qualquer coisa em oração e receberiam (cf. Mateus 21.22). Foi movido por essa fé que Pedro não deu ao homem uma moeda, mas uma ordem: “Olha para nós” (v.4).

Sim, o milagre aconteceu, o coxo foi curado, as pessoas ficaram maravilhadas com o que viram, mas quero que você pare um pouco e leia o versículo 4:

“Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós (idem – ênfase minha).

O que esperamos ver nas pessoas? O que desejamos vislumbrar quando a imagem de alguém surge diante de nós? Seu poder? Sua riqueza? Seu cargo? Sua capacidade de me ajudar na situação em que vivo? Era mais ou menos isso que o coxo da porta Formosa esperava. Ele olhava para Pedro e João e via pessoas com condições de ajudá-lo financeiramente, mas Pedro, a princípio, frustrou suas expectativas.

“Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro [...]” (v.6).

Essa frase, provavelmente, fez aquele homem pensar que perdera seu tempo. Afinal de contas, por que olhar para alguém que não possui nada para me oferecer? No entanto, o que Pedro queria era mostrar àquele coxo algo que só se discerne com olhos espirituais. Pedro queria que o pedinte visse Cristo neles. E essa visão tornou-se nítida quando a segunda frase foi dita e uma atitude foi tomada:

“[...] mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram” (vv.6-7).

A partir de então, tornou-se nítida para o ex-coxo a imagem de Cristo Jesus na vida dos apóstolos.

Enquanto esse homem pula e louva a Deus dentro do templo, fico pensando na ousadia de Pedro. “Olha para nós” não é uma frase fácil de se dizer num contexto espiritual. Pedir para que olhem para mim é muito fácil, mas quando se trata de mostrar Jesus na vida, de mostrar poder de Deus, o pedido toma outra conotação.

Sou mesmo um reflexo do meu Senhor? Posso me aproximar de alguém que necessita de um milagre de Deus e dizer: “olha para mim”? Posso ser intrépido como Pedro?

A única coisa que posso afirmar é o que diz a letra desta música, em forma de oração:

Que o meu andar siga os teus passos,
Que o meu proceder revele tua mente,
Que o mundo veja em mim a imagem de Deus,
Semelhante a Ti quero ser.
Que a minha voz fale do teu amor,
Que eu possa viver a tua vontade,
Que todos os meus sonhos sejam os planos teus,
Quero ser assim como és.

Quero refletir teu coração,
Quero refletir tua vida,
Quero mais e mais ser como Tu, Jesus.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Para Não Pagar o Pato...

Semana passada, li na internet uma notícia que deixaria Tiago, o irmão do Mestre, com os cabelos em pé. A matéria dizia respeito ao aspirante a craque Alexandre Pato. O atacante do Milan disse à imprensa que não pretende casar-se virgem, pois, apesar de ser evangélico (a reportagem fazia questão de dar essa informação), ele não segue à risca a religião.

Onde Tiago entra nessa história? Ele entra no primeiro capítulo da sua epístola:

“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1.22).

Tiago separa as pessoas em duas categorias básicas (como professor de biologia, gosto dessas classificações): os Ouvintes e os Praticantes da palavra de Deus. De fato o grupo dos Ouvintes é muito mais numeroso do que o grupo dos Praticantes. Quem não ouve a palavra em nossos dias? Querendo ou não, a todo momento, se ouve falar em Jesus Cristo na tevê ou se lê sobre Ele na internet, em revistas, etc. Ser Ouvinte é fácil. Não requer esforço, muito menos habilidade. Difícil é ser Praticante.

Ser Praticante da palavra é mais difícil do que ser “evangélico”. Para ser evangélico, basta tornar-se membro de uma igreja. Ser evangélico exige apenas um cartão, ser Praticante exige renúncia, mortificação da carne, combate ao pecado, denunciar a podridão da sociedade e, ao contrário do que pensa Pato, inclui manter-se virgem até o casamento.

O que vemos em nossa sociedade é um profundo desrespeito à palavra de Deus. As pessoas rebaixam-na, colocando-a numa posição inferior à das suas vontades e caprichos. Se me interessa, eu cumpro; se não me interessa, não sigo “à risca” (usando as palavras da reportagem). A palavra de Deus não pode ser tratada dessa forma. Pessoas que agem assim são como aquelas sobre quem Jesus já falara:

“E todo aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.” (Mateus 7.26,27 – ênfase minha).

Os que são apenas Ouvintes verão sua casa cair. Os Praticantes permanecerão firmes.
Portanto, para não “pagar o pato” depois, é melhor seguir à risca as palavras de Jesus agora.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um Barquinho de Pesca e um Ensinamento

Escrevi este texto em fevereiro de 2005, mas o seu ensinamento permanece atual; por isso, estou publicando-o aqui.
Neste exato momento tenho como companheiro de quarto um calendário. Enquanto escrevo estas palavras ele me lembra de que há cinco anos iniciei meu curso superior e, agora, está na hora de concluí-lo.

Olhando para trás, percebo que todos nós somos poços de necessidades. Em determinados momentos de nossas vidas, há sempre algo que realmente importa para nós, fazendo com que as demais coisas tornem-se secundárias.

Há alguns anos (não muitos) o que realmente importava para mim era um bom copo de leite e alguns carrinhos para brincar. No entanto, fui crescendo e o que passou a ser mais importante foi o resultado final na escola (além do copo de leite, é claro!). Em 1999, ingressei no pré-vestibular e o que interessava para mim era uma coisa só: passar. Passei. A partir daí, duas coisas me interessavam: recuperar os cabelos e concluir o curso superior.

Necessidades. Necessidades. Muitas necessidades. E elas não param por aí.

Hoje, acompanhado com o meu calendário, olho para a frente e vejo que o que realmente importa, agora, é conseguir um emprego. Depois, outras necessidades virão. E outras. Outras. E mais outras.

O fato é que sempre temos metas. Sempre há algo importante a se alcançar. Se você dissesse isso a Pedro, ele concordaria.

Pedro olhou para Jesus e o viu numa situação desconfortável. Uma multidão o apertava querendo ouvir a palavra de Deus, junto ao mar da Galiléia (ou lago de Genesaré). Mas Jesus teve uma idéia. Subiu no barco de Pedro e dali começou a ensinar.

Agora, quem se sentia desconfortável era Pedro. Passara a noite toda trabalhando naquele barco e não conseguiu nada; uma piaba sequer. Um Pedro cansado e frustrado talvez estivesse pensando que a única utilidade de seu barco era servir como palanque. Em vez de dezenas de peixes, um pregador de Nazaré. Era tudo o que ele via em seu barco.

Até que Jesus resolveu encerrar o discurso e dirigir-se a Pedro:

“(...) Faze-te ao largo, lançai as vossas redes para pescar.” (Lucas 5.4b).

O pescador não acreditou no que acabara de ouvir. Não pode ser. Porém, o frustrado e descrente Pedro decidiu ser obediente. Era uma obediência do tipo “vou mostrar a ele que não adianta”; mas era obediência.

“Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.” (v. 5).

O que realmente importava para Pedro naquele momento? Não sei. Mas para Jesus, o mais importante era mostrar a Pedro aquilo que realmente importa. E ele aprendeu a lição.

O que se viu logo em seguida foi uma mescla de alegria e desespero. Pescadores alegres por verem um milagre; e, desesperados, por não saberem como receber um milagre tão grande. Eram muitos peixes. Tantos, que as redes se rasgavam (v. 6). O mesmo barco que serviu para ensinar a palavra de Deus foi usado para demonstrar o seu poder.

Pedro, não conseguindo se conter, caiu aos pés de Jesus.

“Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador.” (v. 8).

Diante do Deus-homem, Pedro reconhece suas debilidades. Diante do Perfeito, todos nós admitimos nossas fraquezas. Assim fez Jó. Quando ele conheceu verdadeiramente o Senhor, pôde declarar:

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42.5-6).

Jesus, então, tomou aquele homem cheio de defeitos e transformou-o em pescador de homens. Como pode ser isso? Deus explica dizendo que “o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.9). Pedro, a partir de então tinha uma missão.

E o que fazer com os peixes? Pedro não estava mais interessado neles. O que realmente importava para ele era cumprir o chamado do Mestre. Por isso, o versículo 11 é tão maravilhoso.

“E arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram.” (v. 11, ênfase minha).

Eles deixaram tudo para seguir Jesus. Deixaram os barcos. Deixaram as redes. Deixaram até mesmo os peixes que tinham acabado de pescar. Quem precisa de peixes quando se tem o Criador deles?

Simão aprendeu a lição. Não sabemos os planos que ele tinha. Comprar uma frota de barcos? Abrir o maior mercado de peixes da Galiléia? Não sabemos. Sabemos apenas que ele deixou tudo para trás. Seus sonhos, ambições, vontades, tudo foi colocado em segundo plano. O que realmente importava era a vontade dEle.

Conosco não é diferente. Se Jesus está em nosso barco, veremos um milagre. E nossa vida mudará completamente, se atendermos ao seu chamado.
E então... O que realmente importa?

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe Duas Vezes

Amanhã, será o segundo domingo do mês de maio. Trocando em moeda de dez centavos: Dia das Mães. O dia criado para homenagear aquela que nos colocou no mundo e que, de acordo com a Palavra de Deus, deve ser honrada. Lembremo-nos:

“Honra a teu e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra”. (Efésios 6.2,3).

No que diz respeito a esse assunto, sinto-me um privilegiado, pois tenho a impressão de que recebi de Deus uma mãe duas vezes. Não precisa conferir a frase; você não leu errado. Eu falei que recebi de Deus uma mãe duas vezes.

Nasci há... alguns anos (não precisamos entrar em detalhes). Após uma espera de nove meses dentro de uma barriga quentinha, uma cesariana me mostrou o mundo e ao mundo. Foi exatamente no momento da concepção, no ano de... (deixa pra lá), que Deus me presenteou com minha mãe pela primeira vez. No entanto, a segunda vez foi marcante. E faz exatamente 15 anos.

No dia 10 de maio de 1993, minha mãe foi liberta de um câncer em estágio terminal. A cirurgia foi feita apenas “para constar”, pois o prognóstico não era nada animador. A medicina não tinha solução alguma para o problema dela e a doença parecia soberana. Isso mesmo: parecia. Quando uma perda parecia inevitável, Deus chega com um presente. E era ela mesma. Pela segunda vez, Deus me presenteia com uma mãe. Aquela que voltou para casa para “morrer” junto à família, vive até hoje.

Desta vez, quem parece nascer, ou melhor, renascer é ela. Com certeza, as palavras do pastor Davi ganharam um sentido muito mais vívido: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, (...) tu estás comigo (...)” (Salmos 23.4).

Aproveitando que amanhã é o Dia das Mães, quero reafirmar que sou um afortunado pela mãe que tenho e, principalmente, pelo Deus que tenho, que resolveu me agraciar em dose dupla.
Graças a Deus!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Evitando uma Epidemia Pior

Em tempo de epidemia de dengue, falar sobre mosquitos não é nenhuma novidade. No entanto, aprendi muito hoje pela manhã com os mosquitos do meu quarto. Não. Não foi uma lição a respeito de doenças tropicais, mas uma lição a respeito do Diabo.

Enquanto eu aproveitava a melhor parte do sono – a última –, fui surpreendido por um ataque de mosquitos, que me picavam em escala industrial. O mais curioso nisso tudo é que eu sempre durmo coberto com um lençol. Como esses mosquitos alcançaram minha pele? Não demorou muito para eu entender a razão do sucesso dos dípteros atrevidos. Eu não percebi, durante o sono, que surgira uma brecha, um espaço por onde esses insetos podiam passar facilmente. Para voltar a dormir tive que desfazer a brecha e me certificar de que o lençol realmente estava “vedado”.

Acordei, então, com a voz de Pedro ecoando em minha mente:

“Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8).

Comecei a imaginar a cena que se passava no meu quarto enquanto eu ainda dormia. Os mosquitos olhavam para mim, estendido naquela cama, e viam um enorme potencial (alimentício, é claro!). Porém, uma barreira se levantava contra os seus objetivos: meu lençol. Aquele pedaço de pano retangular estampado era o abismo que separava os seus sonhos (minhas suculentas gotas de sangue) da realidade. Se existisse algum Aedes Drummond de Andrade, diria: “No meio do caminho tinha um lençol / Tinha um lençol no meio do caminho”. Isso mesmo: tinha.

De repente, abre-se uma brecha e a turma das asinhas não se contém de felicidade. Rumo à Pele Prometida!, grita um deles. A Canaã da “mosquitada” fica por baixo do meu lençol. E nada de leite ou mel; é sangue mesmo que eles querem.

Visualizou a cena? Agora, releia as palavras de Pedro e perceba a grande lição que recebi:

“Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8).

O zunido dos mosquitos nos meus ouvidos tornou-se uma séria advertência para a minha vida espiritual. Pedro nos avisa que o diabo não está distante de nós. Apesar de termos Cristo ao nosso lado para nos proteger, a ordem é vigiar. Enquanto eu estava acordado, mosquito algum me incomodou. Quando passei a dormir, surgiu uma brecha. “Sede sóbrios”, diz Pedro.

Ficar atento é fundamental para não cair nas garras do inimigo. É durante a distração que se abrem as fendas espirituais. É na hora do “isso não tem nada a ver” que o diabo aproveita para invadir o seu lençol. São os momentos de distração que abrem brechas para o adversário. E ele as aproveita como ninguém.

O que ele quer? Seu sangue. Assim como os mosquitos aproveitaram a brecha no lençol para sugar meu sangue, o diabo aproveitará qualquer brecha na minha muralha espiritual para fazer o mesmo. Sangue significa vida (cf. Levítico 17.11), e é a sua vida que o diabo quer. Lembremo-nos de que ele veio “senão a roubar, a matar e a destruir” (João 10.10).

Graças a Deus porque Pedro não nos deixou apenas com a descrição das intenções do inimigo, mas nos deu a fórmula da vitória:

“(...) ao qual [ao diabo] resisti firmes na fé (...)” (1 Pedro 5.9a).

Para vencê-lo, basta permanecer acordado e resistir. Tiago nos garante que quando fizermos isso, ele fugirá (cf. Tiago 4.7).
Para evitar uma epidemia de pecado, vigie, não durma! O mosquito (ou melhor, o inimigo) está à solta.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Deus sem Limites

Nesta semana, comecei a ler um livro cujo título é A Vida no Limite, de Frances Ashcroft. Ela é professora de fisiologia em Oxford e escreveu esse livro para analisar o funcionamento do corpo em situações extremas, como a altitude, o calor, o frio, etc.

Acho tudo isso muito interessante (talvez por ser professor de biologia), mas há algo, muito além da fisiologia, que vem chamando a minha atenção nessa leitura: a escolha de Deus.

Lendo as palavras da professora Frances, deparo-me com aves que não fazem a menor cerimônia para respirar em altitudes que fariam qualquer ser humano arquejar (se ainda estiver vivo); sou apresentado a espécies que podem sobreviver a uma profundidade de mais de 1500 metros, onde a pressão pode chegar a 150 vezes a pressão atmosférica ao nível do mar. Observo tudo isso com um sentimento de incapacidade e limitação (corroborando com o título do livro). Vejo que outros seres vivos apresentam características que nos surpreendem, mas não fazem o Criador maravilhar-se, pois, a despeito de todas as outras espécies, foi a respeito do Homo sapiens que foi dito: “(...) tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.” (Gênesis 1.26b).

Estudando a perfeição da natureza e as adaptações que algumas espécies possuem, fico maravilhado com esse trecho do Gênesis. Deus escolhe o homem como “chefe” do Setor de Criaturas Terreno, mesmo sabendo das limitações fisiológicas dele. Sinto-me, então, inclinado a unir-me a Davi em seu cântico:

“Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?” (Salmo 8.4).

Na verdade, a resposta a essa indagação Deus já dera antes mesmo de pronunciar as palavras que citei há pouco. No mesmo versículo do Gênesis, Deus justifica a posição de destaque do homem na criação.

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (...)” (Gênesis 1.26a).

Está explicado. Se o Homo sapiens possui algum diferencial nessa terra, não é exatamente força ou resistência, mas a Imagem de Deus. Paulo já havia compreendido isso quando citou:

“Para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Coríntios 1.31).

Nossa principal virtude não são nossos pulmões, muito menos nossos sentidos aguçados. Nossa maior qualidade é nosso Criador. A capacidade que temos de construir com Ele um relacionamento é única na natureza terrestre.

Sei que minha leitura ainda me deixará boquiaberto várias vezes, mas o Deus sem limites o fará muito mais.

sábado, 29 de março de 2008

Deus Chama Você para Ser um Religioso

Todos nós já passamos por uma situação constrangedora. Aquela queda em plena calçada da avenida mais movimentada da cidade; ou aquela pessoa da qual você se aproximou cheio de brincadeiras até perceber que não era quem você estava pensando; ou, ainda, aquela vez em que você trocou o nome da sua namorada exatamente na hora do “eu te amo”. Lembra? Espero que não.

Essas situações enchem-nos daquele mesmo sentimento que invadiu Adão e Eva no momento em que pecaram: vergonha. E é com esse sentimento que quero relatar para você uma situação que vivi.

Caminhando pelo calçadão da praia de Ponta Negra, à noite, passei por duas crianças que, deitadas no chão, dormiam, tentando aquecer-se mutuamente. Pensei comigo que não havia o que fazer. Eu não poderia ajudá-las. Será? Senti-me como aquele sacerdote (ou como o levita) do capítulo 10 de Lucas, que viu o homem caído no caminho e passou de largo (cf. Lucas 10.31,32). Nada fiz para ajudar os meninos.

Refletindo sobre tudo isso, comecei a questionar um determinado discurso que a cada dia torna-se mais comum nos púlpitos das igrejas: “Deus não o chamou para ser um religioso”.

Alguns pregadores tomam por base o fato de, nem o sacerdote, nem o levita haver demonstrado amor para com o homem semimorto, para divulgar a idéia de que você não precisa ser um religioso para fazer a vontade de Deus. O lema atual é: “Diga não à religiosidade e sim a Jesus”. Bonito, não é? Seria, se não houvesse algo sutilmente escondido por trás de tudo isso.

As pessoas não se dão conta de um detalhe importantíssimo: O sacerdote e o levita do texto de Lucas não eram verdadeiramente religiosos. Não? Não. E quem vai explicar-lhe isso é o irmão Tiago:

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1.27).

Se eu ignoro a situação do meu próximo, de fato, não ajo como um seguidor da verdadeira religião. Este é o cerne da questão. Ser um religioso, aos olhos humanos, é ser membro de uma instituição ou igreja. Ser um religioso verdadeiro, aos olhos de Deus, é fazer conforme o ensino de Tiago.

O problema é que há alguns que transformaram o termo “religião” ou “religiosidade” em algo quase pejorativo. E isso é perigoso! É perigoso porque o que está crescendo bem debaixo do nosso nariz é uma geração de crentes que não querem ter compromisso com nada e com ninguém. Eles acham que cumprir os “ritos” de uma igreja fará deles meros religiosos, e não seguidores de Cristo. E, sutilmente, isto vai fazendo com que alguns achem que a instituição “igreja” não possui nenhum papel relevante na sociedade.

Essa geração de que falo preocupa-se tanto com a “parte espiritual” de sua vida, que se esquece do papel social da igreja do Senhor. É imprescindível perceber que, sem me preocupar com o meu próximo, não posso agradar a Deus.

Para alguém ser um verdadeiro religioso, Tiago enumera duas coisas: (1) “visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações” (isto fala do relacionamento da igreja com a sociedade) e (2) “a si mesmo guardar-se incontaminado do mal” (isto fala do relacionamento com Deus). Agora, responda-me: Deus não chamou você para ser um religioso? Claro que sim!

De que adianta falar do amor de Deus, se eu mesmo não demonstro esse amor? Não podemos viver um Evangelho puramente teórico. Cristo deixou-nos o exemplo. Ele não apenas ensinou multidões, mas também as alimentou. Por quê? Porque ele sabia que, na didática divina, o processo de ensino-aprendizagem nunca será completo, sem a parte prática da lição.

Ser um religioso não vai de encontro à vontade de Deus. Pelo contrário, o desejo dEle é que nos mantenhamos incontaminados e que mostremos o amor de Cristo à sociedade. Portanto, igreja, sejamos religiosos! Manifestemos nossas obras para que o mundo reconheça a nossa fé.

No lugar da vergonha, ousadia. No lugar do constrangimento, amor de Deus.

quinta-feira, 13 de março de 2008

É Impossível? Traga.

Pode tentar. Você não conseguirá.

Passar três dias sem respirar. Escalar o monte Everest sem treinamento, sem equipamentos e em apenas um dia. Estudar todos os conteúdos para o vestibular em trinta minutos.

Tudo o que descrevi no parágrafo anterior posse ser qualificado da mesma forma: impossível. O impossível é algo que nos vence antes mesmo que lutemos. Não vale a pena insistir diante dele. É inútil qualquer esforço para suplantá-lo, certo? Os discípulos de Jesus formaram outra opinião sobre o assunto.

Jesus curava os enfermos em uma multidão, quando os discípulos sugeriram: "(...) despede (...) as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer." (Mateus 14.15). Realmente, parecia uma boa idéia. O lugar era deserto, a tarde já estava indo embora e aquele povo não era de ferro. A fome os alcançaria e não haveria onde conseguir comida à noite. No entanto, os planos de Jesus eram outros:

"Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, de comer." (v.16).

Quando li este versículo, fiquei me imaginando como um dos discípulos. Se eu estivesse presente quando Jesus disse isso, acho que minha reação seria a seguinte: eu olharia ao redor, veria cinco mil homens acompanhados de mulheres e crianças, abriria um sorriso amarelo e diria a Pedro ou André: O Mestre tem um ótimo senso de humor, não acha? Pode até parecer, mas Jesus não estava brincando em nenhum instante. "Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes" – atestaram eles.

A declaração dos discípulos é familiar a você? Ela soa como um Comprovante de Impotência, um Atestado de Incapacidade. Cristo deu uma missão aos seus discípulos, mas não havia como cumpri-la. O Impossível mais uma vez atravessa-se na estrada da humanidade e impede a sua progressão. Uma doença incurável? Uma causa perdida na Justiça? Um parente que afunda nas drogas sem que você possa fazer nada? Qual é o seu Impossível? Diante dele, dizemos: Não há o que fazer. Diante dele, Jesus diz: traga até mim.

"Então ele [Jesus] disse: Trazei-mos." (v.18 – ênfase minha).

A tarefa a realizar saiu da esfera de suas capacidades? Ouça o conselho do Filho de Deus: "Trazei-mos". Entregue. O Impossível não foi feito para você. Você não pode administrá-lo. Entregue nas mãos de quem pode carregar esse peso. É Ele quem está pedindo: "Trazei-mos". O que Ele fará é espantoso.

"(...) tomando os cinco pães e dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou." (v.19 – ênfase minha).

Sim. Ele tomará o seu Impossível em suas mãos e o abençoará. Aquilo que para você era um duro fardo, tornar-se-á uma bênção, pois chegou às mãos certas. É isso que Ele entregará a você.

"(...) Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões." (v.19).

O Impossível foi tratado e transformado. Os discípulos puderam, então, realizar sua missão. Alimentaram a multidão, de maneira que ainda sobraram doze cestos cheios de comida. Jesus fará o mesmo por você. O seu Impossível receberá o toque abençoador do Mestre e você fará aquilo que estava muito além de suas forças. Apenas entregue.

E, então, pode tentar. Você conseguirá.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Data Especial? Depende do Ponto-de-Vista.

O relato da criação é algo fantástico. Imaginar como tudo se processou é uma vã tarefa para nós, pobres mortais. Sempre especularemos, mas nunca compreenderemos, ou sequer conseguiremos reproduzir em nossas mentes a grandiosidade do maior espetáculo de todos os tempos. A criação é, de fato, o anúncio maior do poder e da glória de Deus.

Existe, porém, algo na criação que revela, além do poder e da glória divinos, a sua imensa criatividade. Não se trata da geração de luz sem a ajuda das turbinas de Paulo Afonso. Também não me refiro à diversidade de seres vivos criados. Refiro-me a algo mais impressionante.

A luz já brilhava, os astros já obedeciam às leis da Física e as plantas já serviam de alimento aos animais, quando Deus resolveu criar o homem. “Façamos” (Gênesis 1.26). E foi feito. Cabeça, pescoço, tronco e membros. Perfeito!

Ops! Nem tanto. Todas as coisas criadas foram classificadas por Deus como sendo “boas”. Mas em meio a tudo isso, Deus encontra algo de que Ele não gosta.

“E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; (...)” (Gênesis 2.18 – ênfase minha).

Deus não gostou de ver o homem sozinho. E tratou de resolver o problema:

“(...) far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Idem).

É exatamente aí que Deus revela seu lado mais criativo. Da costela de um homem, Deus consegue produzir um ser extremamente diferente daquele que lhe deu origem. Surge a mulher.

Homens e mulheres acumulam diferenças que, sinceramente, me deixam intrigado. Elas são mais sensíveis. Eles são melhores no raciocínio lógico. Elas são mais resistentes à dor. Eles são mais práticos.

E pensar que a diferença era só uma costela... Deus é mesmo criativo.

Devido a essas muitas diferenças, surgiu a famosa guerra dos sexos. O machismo e o feminismo brigando para ver quem vai-se dar melhor. Por causa disso, a mulher vem tentando (e, muitas vezes, conseguindo) assumir posições na sociedade nas quais só homens eram encontrados. E a onda do feminismo tem invadido as igrejas.

A mulher cristã, ao que parece, está tentando valorizar-se à força. Pregações sobre mulheres corajosas e importantes e músicas que falam mais sobre as mulheres do que sobre Cristo já têm encontrado espaço em nossos púlpitos, algumas vezes. A falta de naturalidade com que as mulheres tratam o assunto “mulher” soa aos meus ouvidos como uma tremenda falta de auto-estima.

Já ouvi dizerem que Jesus apenas elogiava a fé das mulheres e criticava a falta de fé nos homens; portanto, as mulheres teriam algum tipo de vantagem no relacionamento com Deus. E já ouvi até mesmo falarem que Deus ouve mais facilmente a oração de mulheres do que a de homens, pois elas possuem vozes “mais suaves”.

Diante de tamanha apelação, gostaria de encorajar a todos, homens e mulheres, a não entrarem no jogo da “guerra dos sexos”. Gosto das palavras de Paulo:

“No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus” (1 Coríntios 11.11-12 - ARA).

Deus trata a todos igualmente. Assim como usa o homem, usa a mulher. Ama o homem e ama a mulher. Criou o homem e criou a mulher. Por isso, as mulheres têm um valor enorme diante do Senhor, não necessitando, portanto, de artifícios que façam com que elas se sintam mais especiais.

Por isso, não creio que Deus se importe com o dia 8 de Março de uma maneira especial, diferente dos outros. Creio no Deus que ama as mulheres incondicionalmente, em qualquer dia do ano: 4 de Janeiro, 12 de Agosto, 5 de Novembro, 23 de Julho, 8 de Março...

Parabéns, mulheres! Não simplesmente pelo seu dia, mas, principalmente, pelo seu Deus.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lições da Taça Guanabara

Anteontem, eu estava lendo algumas reportagens num site esportivo e me deparei com uma matéria sobre a vitória do flamengo na Taça Guanabara. Como não sou torcedor de nenhum dos dois times, achei que a matéria não me afetaria, mas me enganei.

O autor da reportagem revelou algumas informações que não soaram muito bem na minha consciência. Ele escreveu que o goleiro do flamengo, antes do primeiro tempo, havia feito orações que, ao que parece, não “funcionaram”, pois ele tomara um gol. Na volta para o segundo tempo, Bruno havia mudado de planos e trocou as orações pela superstição (mudou a camisa que usava). Deu certo – afirmava a reportagem. Bruno não tomou mais nenhum gol.

A nítida relação expressa pela matéria (oração não funciona, superstição sim) me chocou, confesso, pois o que a Palavra de Deus me diz é completamente oposto a isso. Vejamos:

“Longe está o SENHOR dos ímpios, mas escutará a oração dos justos.” (Provérbios 15.29).

“(...) a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tiago 5.16).

O que a Bíblia me mostra é o interesse de Deus em responder as orações dos justos. No entanto, como Ele é Soberano, não vejo obrigatoriedade nisso. Não creio que Deus seja uma versão melhorada do gênio da lâmpada, que está disponível para realizar não apenas três, mas quantos desejos eu tiver. O irmão do Senhor nos adverte:

“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tiago 4.3).

Se há algum problema na comunicação entre a criatura e o Criador, ele é gerado por uma falha na criatura, que não sabe pedir. O problema não está nem no Criador nem no canal utilizado – a oração. Se a oração fosse um meio ineficaz de comunicação com Deus, as Escrituras não nos aconselhariam a orar “sem cessar” (cf. 1 Tessalonicenses 5.17).

Talvez o autor da matéria não conheça Ana. Você conhece. Ela não podia ter filhos, mas orou a Deus e foi ouvida; nasceu Samuel. Ela não pendurou uma panela no armador de redes, não guardou três caroços de feijão no guarda-roupa, nem passou a usar rosa-choque todos os dias. Ela reconheceu que foi a oração que fez a diferença:

“Por este menino orava eu (...).” (1 Samuel 1.27 – ênfase minha).

Bruno tinha uma batalha a vencer. Se ele conhecesse o apóstolo Paulo, saberia que a oração é a melhor forma de alcançar a vitória. Escrevendo aos romanos, Paulo diz:

“E rogo-vos, irmãos, (...) que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus.” (Romanos 15.30).

Portanto, nada de superstições! Se formos justos e vivermos a sua vontade, pediremos tudo o que quisermos, e nos será feito (cf. João 15.7). A oração ainda é – e sempre será – suficiente.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Recomendo...

Gostaria de fazer um convite a todos aqueles a quem Deus dotou de extraordinária paciência para ler meus textos. O convite é para que vocês visitem este endereço: http://crentevivo.blogspot.com/. Certamente vocês serão edificados pela instrumentalidade do meu amigo Jessé Haniel.

Que Deus continue abençoando a todos!

Você É Japonês? Moisés Era.

Oito homens reunidos. Qual será o assunto? Futebol, mulheres, automóveis? Não, nada disso. O assunto é “vale-tudo”.

Num dia desses em que a inspiração estava em baixa, eu e alguns amigos resolvemos nos reunir na casa de um deles. Lá para as tantas da madrugada, já de barriga cheia, nos pegamos sentados em frente a uma tv assistindo a um campeonato de vale-tudo.

Definitivamente, ver dois caras se batendo (pra não dizer “se agarrando”) não é meu programa favorito; mas uma das lutas nos chamou a atenção por se revelar particularmente engraçada. O desafio era entre um franzino japonês, que não devia ter mais de 1,70m, e um gigante de mais de 2 metros (acredito eu) cuja nacionalidade não lembro (devia ser um remanescente dos anaquins).

Todos os que assistíamos àquela luta esperávamos um massacre. O que se via era o japonês dando socos e ponta-pés num adversário inerte. Ele simplesmente não reagia e, ao que parece, nem sentia os golpes que levava. Mas o japonês era perseverante. E foi essa perseverança que inspirou Cristiano a ficar repetindo inúmeras vezes com voz de "Guiodai": Eu sou japonês! Eu sou japonês! Eu sou japonês! (Alguém se lembra de "Guiodai"?). Essa ladainha funcionava como uma espécie de declaração de persistência. Parafraseando, seria algo do tipo: "Eu sou japonês e não desisto nunca".

É aí que me vem à mente a pessoa de Moisés. Grande líder do povo de Deus. Homem com quem o Senhor falava "boca a boca" (cf. Números 12.8). Homem que tinha a difícil missão de guiar um povo murmurador até a Terra Prometida. Podemos, então, chamá-lo de "lutador".

Moisés lutou contra a idolatria, contra a murmuração; lutou até mesmo contra a sua própria vontade quando, achando pesada a sua carga, pediu para morrer (cf. Números 11.14-15) e recebeu a ordem de continuar, daí em diante, ajudado por setenta anciãos. Moisés era um lutador.

No entanto, Deus não o autorizou a usar as próprias mãos na sua luta. Quando isso aconteceu, Deus teve que intervir.

Em Meribá, não havia água para o povo beber. Após ouvir muitas reclamações, Moisés e Arão pedem o auxílio divino. Como sempre, o Senhor tem a solução. Ele disse a Moisés:

"Toma o bordão, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e diante dele, falai à rocha, e dará a sua água (...)” (Números 20.8).

Muito simples! Era só falar à rocha. Porém, Moisés não parecia muito satisfeito com a idéia de um papo amigável. Ele olhou para a rocha e, como num vale-tudo, encarou-a como uma inimiga.

"Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com o seu bordão, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e seus animais" (Números 20.11).

Moisés nocauteou a rocha e Deus reprovou sua atitude determinando que ele não entraria na Terra Prometida (cf. Números 20.12). Entretanto, esse homem dá-nos um exemplo ímpar. Em vez de um coração rebelde, ele mostra um coração que ora. Ora para que Deus levante um "homem sobre esta congregação (...) e que entre adiante deles, (...) para que a congregação não seja como ovelhas que não têm pastor" (cf. Números 27.16-17).

Moisés orou para que Deus levantasse alguém que assumisse a sua posição. Josué foi o escolhido.

Perceba que Moisés não fez "biquinho" porque perdeu o direito de liderar o povo na conquista. Aos olhos humanos, ele tinha motivos de sobra para odiar Josué. Mas ele não o fez.

Muitas vezes deixamos de seguir este exemplo e brigamos porque fomos preteridos por alguém. Damos tanto valor aos cargos que temos, que até nossas amizades ficam em segundo ou terceiro plano.

Moisés não era assim. Na oportunidade que teve para desistir de tudo, ele persistiu. Deus ordenou que ele preparasse Josué para liderar o povo e ele obedeceu. Não com amargura, mas com boa vontade.

Será que eu e você faríamos o mesmo? Se Deus tirasse algo de nós e mandasse que nós mesmos o entregássemos a outro, estaríamos prontos para isso? Moisés estava.

Assim como o japonês, Moisés não desistiu. Apesar de não mais participar ativamente da conquista da terra que o Senhor prometera, ele vislumbrava o plano de Deus e colaborou para que ele se concretizasse. Em certo sentido, podemos dizer que ele perseverou no projeto de Deus. E ainda foi além. O japonês perdeu a luta, mas Moisés foi vencedor, pois morreu confiando no cumprimento da promessa.

Pelo visto, Moisés era "japonês". E dos bons!

A partir de agora, quando o orgulho quiser fazer você parar e desistir, ore ao Senhor e não se esqueça de fazer como Cristiano: Eu sou japonês! Eu sou japonês! Eu sou japonês!...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O "Bloco" de Moisés

Música. Danças. Álcool. Fantasias. Luxúria. “Alegria” (entre aspas, mesmo). Junte todos esses ingredientes e o que você terá? Na mosca! O Carnaval. A festa mais aguardada do ano por aqueles que buscam “alegria”. Cada bloco que prometa doses maiores desse bem precioso. Contentamento. Prazer. É isso o que o carnaval promete. Foi isso o que Moisés e o seu “bloco” encontraram.

Não. Moisés não pulou em Salvador nem desfilou na Sapucaí. No entanto, seu “bloco”, apesar de modesto em número, era de fazer inveja a qualquer um. Vá até o capítulo 24 do livro do Êxodo e você compreenderá.

Deus ordena a Moisés que ele suba até a sua presença e leve consigo a Arão, Nadabe, Abiú e setenta dos anciãos de Israel (v.1). Eles assim o fazem, adoram ao Senhor e o que o Todo-Poderoso lhes proporciona paga qualquer ingresso. Vou deixar que o próprio Moisés narre:

“E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia uma como pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. Ele não estendeu a mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel; porém eles viram a Deus, e comeram, e beberam.” (vv.10-11).

Fico imaginando se Moisés conhecesse o carnaval. Ele não poderia acreditar que existisse algo mais inútil e passageiro. Na festa divina, se há alguma “avenida”, esta é pavimentada com safira e não com asfalto. Sua alegria não se baseia no álcool, mas na glória de Deus. E todos saem saciados, não com ressaca.

A pseudo-alegria carnavalesca precisa de alguns pré-requisitos: bebida, mulheres (ou homens), drogas. Na confraternização celeste, só a Presença já é satisfatória. Chamou-me a atenção o fato de que Deus “não estendeu a mão” sobre eles. Deus não lhes ofereceu nada além de um vislumbre do céu. Mesmo assim não consigo imaginar nenhum ancião emburrado, fazendo “beicinho” e reclamando: Deus nos trouxe até aqui e vamos voltar com as mãos abanando? Não. Nadabe não praguejou. Arão não saiu chutando as pedras do caminho. Eles estavam saciados. Entrever o Eterno já foi motivo suficiente para uma grande festa.

“(...) e comeram, e beberam.” (v.11).

Tenho uma sugestão para esses dias de “folia”. Enquanto muitos estiverem buscando sua “alegria” atrás dos trios elétricos, busque a Presença. Enquanto o álcool estiver regando a felicidade efêmera da maioria, fixe o olhar na eternidade. Enquanto as drogas e as DST’s se disseminam, coma e beba diante do Pai.

Assim, com certeza, quando todos estiverem cansados e frustrados, você estará saciado.

domingo, 13 de janeiro de 2008

E Se Deus Tivesse um Orkut?

Eu tentei. Eu juro que tentei. Fiz de tudo (ou quase tudo) para resistir. Estou falando do Orkut, site de relacionamentos da internet; uma espécie de lista de amigos virtual.

Para fazer parte dessa rede, era preciso receber um convite por e-mail. Recebi vários. Recusei inúmeros, até que resolvi ceder. Aceitei o convite, preenchi o “formulário”, consegui uma foto e pronto: entrei para o time dos “orkuteiros”.

Minha lista de amigos não é das maiores, mas me faz sentir privilegiado. Realmente, ter amigos (amigos de verdade) é um privilégio. Foi aí que parei para pensar: E se Deus tivesse um orkut?

Sei o que está pensando: Rodrigo, há algo que eu possa fazer para ajudá-lo a recuperar a sanidade? Calma! Se existe alguém que gosta de se relacionar, esse alguém é o Todo-Poderoso. Imagine.

Clicando em “ver amigos”, você encontra a lista de amigos divina. E vejam só quem está lá! Abraão. Deus gosta de conversar com ele, mas às vezes parece que o patriarca hesita quanto a isso.

O Senhor havia tomado uma decisão: destruir Sodoma e Gomorra. No entanto, antes de fazê-lo, ele avisa ao seu amigo Abraão (cf. Gênesis 18.17,18). Este, ao ficar a sós com Deus, passa a fazer uma série de questionamentos (ver Gênesis 18.23-33). Na verdade, a dúvida é apenas uma:

“E, aproximando-se a ele, disse: Destruirás o justo com o ímpio?” (v.23).

A partir daí, Abraão demonstra certo temor em prolongar o diálogo. Para ele, fazer perguntas a Deus poderia despertar ira no Criador. É um atrevimento tomar o tempo de Deus! Será? Se você leu o texto de Gênesis, deve ter tido a mesma impressão que eu tive. Em nenhum momento, Deus mostra impaciência ou pressa. Ele simplesmente responde a todas as perguntas de Abraão. Não havia motivos para temer. Abraão não entendia, naquele momento, que Deus não se cansa de estar conosco, de relacionar-se conosco.

Sim, Deus gosta de ter amigos e Abraão é um deles (cf. Tiago 2.23).

Muito bem. Volte para a página inicial do orkut divino (o chamado profile) e dê uma olhadinha na foto. O que você vê? Isso mesmo! A foto é de Jesus, o Filho de Deus. E nem adianta deixar um scrap (um recado, em “orkutês”) pedindo pra ver a foto do Pai. Moisés pediu para ver a sua glória e ele respondeu:

“(...) Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êxodo 33.20).

Jesus, porém, nos consola:

“Quem vê a mim vê o Pai (...)” (João 14.9).

Isso! Se quiser ver o Pai, é simples: olhe pra Jesus, a expressão exata de Deus (cf. Hebreus 1.3; Colossenses 1.15).

Se Deus gosta mesmo de se relacionar, deve revelar seu nome aos amigos, certo? Certo! Foi o que ele fez com Moisés (ele também está na lista de amigos).

“Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros” (Êxodo 3.13,14).

Está vendo? No profile celeste, ao lado da foto do Messias, está escrito o nome de Deus: EU SOU O QUE SOU.

Por fim, vamos ver as comunidades. Para mim, essa é a melhor parte. Quando estou com um tempinho extra, gosto de “fuçar” as comunidades dos meus amigos. Elas falam muito sobre a personalidade e as atividades deles. Dentre as comunidades divinas, duas me chamam a atenção: “Morri por você” e “Ressuscitado”.

Deus tem tanto interesse num relacionamento com seus filhos, que se fez homem para morrer em nosso lugar e nos dar acesso direto a Ele. E mais: ressuscitou e está vivo!

Dessa forma, Ele nos convida a entrarmos para sua rede de amigos. Sim, ele já enviou o convite. Basta aceitá-lo. E você se tornará amigo de Deus.

Com direito a foto sua no álbum celeste. Que tal?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

E Aí Vem Mais Um BBB...

Ouvi de novo. E sei que dentro de poucos minutos ouvirei mais uma vez. Enquanto escrevo estas linhas, a TV ligada na sala anuncia incansavelmente a estréia do famigerado BBB8 (Big Brother Brasil), instigando a curiosidade dos telespectadores para acompanharem o que se passa naquela que eles chamam de “a casa mais vigiada do Brasil”.

Milhares de pessoas tentaram participar desta edição do reality show, mas, como a casa não é tão grande assim, os quatorze (acho) participantes já foram selecionados (a dedo – diga-se de passagem).

Fiquei me perguntando por que o BBB é tão atraente. Por que milhões de pessoas em todo o Brasil param para assistir a esta versão corrompida da vida real? A resposta que encontrei foi esta: porque o pecado é sedutor.

Sinta o destilar do veneno de Satanás nas palavras de alguns participantes, de cujos nomes fiz questão de esquecer:

“Na vida diária eu não minto, mas lá dentro [na casa] vale tudo”.

“Jovem não namora, fica. Porque a gente pode ficar aqui, ali...”.

“Eu sou atraente e sei que os homens me desejam”.

Sentiu? A serpente do Éden está de volta no jardim do BBB e quer ludibriar qualquer Eva desavisada que esteja disposta a morder seu fruto nefasto. O fruto da mentira. O fruto da lascívia. O fruto da traição.

É por isso que milhões engordam o ibope do BBB em todo o país. Este programa revela escancaradamente vários sentimentos ruins que estão dentro das pessoas, e que elas não expressam totalmente. Portanto, acompanham aqueles que os trazem à tona. É a sociedade podre aplaudindo as obras da carne:

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias [disputas, competição], emulações [querer igualar ou superar outro], iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.” (Gálatas 5.19-21).

Conseguiu identificar as obras da carne no Big Brother? Sim, deve ter sido fácil, não é mesmo? Para aqueles que gostam do “Big Trevas Brasil”, realmente, vale tudo para viver neste mundo. Até mesmo passar por cima das leis divinas. E eu, enquanto cristão, não posso me inclinar para dar ouvidos à serpente falante. Enquanto cristão, devo preocupar-me em me distanciar disso para me aproximar do Reino. Devo confrontar as mentiras sujas do Inimigo com a Palavra de Deus e perceber que jovem não foi feito para “ficar”, mas para vencer o maligno (cf. 1 João 2.14).

Sugiro que você também não se renda aos apelos do BBB. Jesus, nosso supremo “Big Brother” tem coisa melhor pra nós. E sua “Big Palavra” nos promete, ao final, um “Big Céu”. Não podemos trocar isso por nada.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Feliz 2008! Sem Estresses...

O ano de 2007 foi embora. Chega o ano de 2008 e, juntamente com ele, surgem muitas expectativas. Os sonhos já existem; resta saber se eles serão concretizados. Os desejos são muitos, mas não sabemos o que será deles.

Comigo não é diferente. 2008 começa com muitos planos em minha mente e, por causa disso, a tendência é ficarmos ansiosos para alcançarmos os nossos objetivos. No entanto, Cristo tem um plano melhor para nós:

“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6.25).

E Ele continua:

“Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” (v.34).

Sim. 2008 já chegou, meus planos já estão traçados, meu caderno de anotações está abarrotado. Porém, não posso ficar ansioso. Devo crer que o mesmo Deus que cuidou de mim em 2007 é poderoso para fazê-lo também em 2008. Devo estar cônscio de que, sem ele, nenhum de meus projetos prosperará. Devo submeter meu ano ao seu crivo perfeito para que eu seja realmente feliz.

Confiança. Esta é a palavra-chave para o novo ano. Confiança em que o Pastor não vai deixar faltar nada.

Assim, teremos, de fato, um feliz e próspero ano novo: vivendo cada um dos 366 dias de cada vez.