domingo, 22 de junho de 2008

Olha para Nós!

Uma moedinha, por favor! Uma esmola! Alguém me ajude, pelo amor de Deus!

Esse som era comum para aqueles que iam ao templo. Ao chegarem próximo à porta Formosa, os transeuntes diariamente se deparavam com a mesma cena: Um homem, que nascera coxo, suplicava por dinheiro (cf. Atos 3.1-10).

Provavelmente, Pedro e João já o conheciam. Talvez o coxo já houvesse pedido moedas a eles, em outras oportunidades. Talvez eles até mesmo as tenham dado. Certa vez, entretanto, os apóstolos sentiram que não era dia de esmola, mas de milagre. Ao ouvir os rogos daquele homem, Pedro não leva as mãos aos bolsos (se é que os tinha), mas põe o seu coração na miséria do homem e prepara-se para presenciar um evento sobrenatural.

Os apóstolos sabiam que não era deles o poder para curar, mas aprenderam com o Mestre que, se tivessem fé, pediriam qualquer coisa em oração e receberiam (cf. Mateus 21.22). Foi movido por essa fé que Pedro não deu ao homem uma moeda, mas uma ordem: “Olha para nós” (v.4).

Sim, o milagre aconteceu, o coxo foi curado, as pessoas ficaram maravilhadas com o que viram, mas quero que você pare um pouco e leia o versículo 4:

“Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós (idem – ênfase minha).

O que esperamos ver nas pessoas? O que desejamos vislumbrar quando a imagem de alguém surge diante de nós? Seu poder? Sua riqueza? Seu cargo? Sua capacidade de me ajudar na situação em que vivo? Era mais ou menos isso que o coxo da porta Formosa esperava. Ele olhava para Pedro e João e via pessoas com condições de ajudá-lo financeiramente, mas Pedro, a princípio, frustrou suas expectativas.

“Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro [...]” (v.6).

Essa frase, provavelmente, fez aquele homem pensar que perdera seu tempo. Afinal de contas, por que olhar para alguém que não possui nada para me oferecer? No entanto, o que Pedro queria era mostrar àquele coxo algo que só se discerne com olhos espirituais. Pedro queria que o pedinte visse Cristo neles. E essa visão tornou-se nítida quando a segunda frase foi dita e uma atitude foi tomada:

“[...] mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram” (vv.6-7).

A partir de então, tornou-se nítida para o ex-coxo a imagem de Cristo Jesus na vida dos apóstolos.

Enquanto esse homem pula e louva a Deus dentro do templo, fico pensando na ousadia de Pedro. “Olha para nós” não é uma frase fácil de se dizer num contexto espiritual. Pedir para que olhem para mim é muito fácil, mas quando se trata de mostrar Jesus na vida, de mostrar poder de Deus, o pedido toma outra conotação.

Sou mesmo um reflexo do meu Senhor? Posso me aproximar de alguém que necessita de um milagre de Deus e dizer: “olha para mim”? Posso ser intrépido como Pedro?

A única coisa que posso afirmar é o que diz a letra desta música, em forma de oração:

Que o meu andar siga os teus passos,
Que o meu proceder revele tua mente,
Que o mundo veja em mim a imagem de Deus,
Semelhante a Ti quero ser.
Que a minha voz fale do teu amor,
Que eu possa viver a tua vontade,
Que todos os meus sonhos sejam os planos teus,
Quero ser assim como és.

Quero refletir teu coração,
Quero refletir tua vida,
Quero mais e mais ser como Tu, Jesus.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Para Não Pagar o Pato...

Semana passada, li na internet uma notícia que deixaria Tiago, o irmão do Mestre, com os cabelos em pé. A matéria dizia respeito ao aspirante a craque Alexandre Pato. O atacante do Milan disse à imprensa que não pretende casar-se virgem, pois, apesar de ser evangélico (a reportagem fazia questão de dar essa informação), ele não segue à risca a religião.

Onde Tiago entra nessa história? Ele entra no primeiro capítulo da sua epístola:

“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1.22).

Tiago separa as pessoas em duas categorias básicas (como professor de biologia, gosto dessas classificações): os Ouvintes e os Praticantes da palavra de Deus. De fato o grupo dos Ouvintes é muito mais numeroso do que o grupo dos Praticantes. Quem não ouve a palavra em nossos dias? Querendo ou não, a todo momento, se ouve falar em Jesus Cristo na tevê ou se lê sobre Ele na internet, em revistas, etc. Ser Ouvinte é fácil. Não requer esforço, muito menos habilidade. Difícil é ser Praticante.

Ser Praticante da palavra é mais difícil do que ser “evangélico”. Para ser evangélico, basta tornar-se membro de uma igreja. Ser evangélico exige apenas um cartão, ser Praticante exige renúncia, mortificação da carne, combate ao pecado, denunciar a podridão da sociedade e, ao contrário do que pensa Pato, inclui manter-se virgem até o casamento.

O que vemos em nossa sociedade é um profundo desrespeito à palavra de Deus. As pessoas rebaixam-na, colocando-a numa posição inferior à das suas vontades e caprichos. Se me interessa, eu cumpro; se não me interessa, não sigo “à risca” (usando as palavras da reportagem). A palavra de Deus não pode ser tratada dessa forma. Pessoas que agem assim são como aquelas sobre quem Jesus já falara:

“E todo aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.” (Mateus 7.26,27 – ênfase minha).

Os que são apenas Ouvintes verão sua casa cair. Os Praticantes permanecerão firmes.
Portanto, para não “pagar o pato” depois, é melhor seguir à risca as palavras de Jesus agora.