segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Para estrear:

COMBINANDO O BARRO COM UM TESOURO


TRIM! Após o toque do sinal, a correria é visível nos corredores de uma escola. Os alunos se dirigem às suas salas e marcam seus lugares. Os professores pegam o material necessário e seguem para vencer mais uma etapa do desafio chamado Educação. Em poucos minutos, estão todos em seus postos realizando a parte que lhes cabe nessa missão. Gosto disso.

Sou professor. Não por falta de outra opção melhor. Não porque conheço alguém que facilitou as coisas pra mim. Não. Sou professor simplesmente porque gosto de sê-lo. Sou professor porque gosto de desafios novos a cada dia; porque gosto de ir ao trabalho sem saber exatamente o que o dia me reserva. Sou professor porque gosto de influenciar vidas.

Quando, no entanto, se fala em ser professor, a imagem que logo surge na mente das pessoas não é nem um pouco parecida com essa que descrevi no parágrafo anterior, mas é a imagem daquele que trabalha muito e ganha pouco. O professor brasileiro ainda é um profissional desvalorizado.

No ano passado, inscrevi-me num concurso para lecionar em um município do Rio Grande do Norte. Quando li no edital o salário, confesso, fiquei tão animado quanto quando ouço a Hora do Brasil. Não, não vou dizer quanto era, mas fez com que eu me sentisse, de certa forma, sem valor para a sociedade. Senti-me um nada depois de coisa alguma. Só fui convencido do contrário pela Palavra de Deus.

Olhemos para Adão. Não o Adão que cuidava do jardim, mas o Adão ainda recém-esculpido por Deus e sem vida. O que vemos? Pó da terra em forma de homem (cf. Gênesis 2.7). Bonito? Com certeza. Valoroso? Impossível. Deus não fez o homem a partir do ouro, da prata ou do ferro. Deus não recheou a estrutura humana de nobreza. Deus fez Adão do “pó”.

O que Deus fez em seguida é que fez toda a diferença:

“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gênesis 2.7 – grifo meu).

O SENHOR Deus colocou dentro do homem algo divino: o fôlego da vida. Diretamente do interior de Deus para o interior do homem. O pó inerte ganhou células, tecidos, músculos, pulmões, coração pulsante, um cérebro com milhões de conexões neuronais complexas e “o homem foi feito alma vivente”. O Criador não fez nada semelhante com os outros seres vivos. Essa singularidade deu ao homem uma posição especial na criação. A matéria-prima sem valor tornou-se, então, a coroa da criação divina.

O Criador nos valoriza. Jesus confirmou isso. Sim, ele deixou isso bem claro quando, do alto de um monte, ensinava os seus discípulos a não andarem ansiosos quanto à vida deles (cf. Mateus 6.25-34). Se o Pai celestial provê o alimento para as aves do céu, que nada entendem sobre agricultura, não faria o mesmo por nós? Afinal de contas, completou Jesus, “não tendes vós muito mais valor do que elas?” (v.26). Valor? Eu? Isso mesmo! Não satisfeito, o Educador Jesus dá um outro exemplo: Se Deus veste os lírios do campo, que nunca pegaram num fio para coser, não faria o mesmo conosco? Mais uma vez, ele nos demonstra apreço quando diz: “(...) não vos vestirá muito mais a vós?” (v.30).

Sinto-me bem melhor com as palavras de Jesus do que com o meu salário. Também gosto das palavras que o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios em sua segunda carta:

“Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4.7).

A graça de Deus derramada em nossos corações é como um tesouro colocado em vasos de barro (lembra-se de Adão?). Novamente somos comparados ao barro sem valor. E, novamente, Deus valoriza esse barro pondo nele algo de si mesmo. Ele tem grande estima por nós!

A consideração de Deus para com os homens também alcançou uma mulher pecadora. João nos conta sua história (cf. João 8.1-11). Ela fora apanhada no ato do adultério e levada à força até o templo, onde Jesus estava. É improvável que alguém se tenha preocupado em vesti-la; portanto, imagine como aquela mulher se sentia levando os pesos da vergonha e do pecado. A última coisa que ela poderia pensar é que alguém lhe pudesse dar valor. Os escribas e os fariseus não o fizeram; por que Jesus o faria?

Os conhecedores da lei queriam apedrejá-la. Eles se colocaram em posição de julgamento e, portanto, de superioridade em relação àquela pobre mulher. Mas Jesus pensava diferente:

“(...) Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8.7).

Pela primeira vez desde que foi pega, aquela mulher encontrou um resquício de dignidade nas palavras de alguém. Na verdade, Jesus derrubou os “doutores” de seus pedestais e colocou-os no mesmo patamar da acusada. Eram todos pecadores. Mais uma vez o Mestre dedica valor a quem não merece. Mais uma vez o barro sujo recebe o tesouro da graça divina e uma nova chance: “(...) vai-te e não peques mais” (v.11).

Desprezado pela família? Desonrado pelo filho? Humilhado no emprego? Professor? Jesus valoriza você!

Para mim, é confortante saber que, se uma prefeitura municipal não me valoriza tanto, o Reino de Deus o faz. É bom saber que sou caro para Deus. Pelos méritos de Jesus, meu valor é alto.

3 comentários:

Ainda sem nome disse...

Com certeza, Deus nos valoriza.
Apesar de tantas dificuldades, como salários incompatíveis com a nossa profissão, ser muito magrinho, gordinho demais, feio, isso ou aquilo, Deus nos valoriza pelo que somos, do jeito que somos.

Creio que essa valorização tornou-se mais evidente quando Jesus entregou sua vida por todos nós, assumindo uma culpa que não era sua, assumindo um lugar que não era seu.

E tudo isso se resume em uma única palavra: AMOR.

Parabéns, pelo excelente texto.
Deus continue a te inspirar tão grandemente.

Abraços

Jardson Amaral disse...

É amigos, o amor de Deus por nós é imensurável!!
Li um livro certa vez em que o autor dizia que Cristo sempre olha as pessoas pelo seu "lado bom". Pelo potencial que cada um tem de ser uma ótima pessoa, ao contrário de nós, que sempre julgamos os outros pela aparência, pelos bens... enfim! O que me importa é saber que Deus trata individualmente comigo e me aceita da forma que "soul" (rsrsrs)!!

Aproveito aqui para parabenizar o amigo e irmão em Cristo Rodrigo por criar esse maravilhoso blog. Desejo que Deus continue te orientando e inspirando a se manter sempre assim.
Abração!

Jardson Amaral disse...

É amigos, o amor de Deus por nós é imensurável!!
Li um livro certa vez em que o autor dizia que Cristo sempre olha as pessoas pelo seu "lado bom". Pelo potencial que cada um tem de ser uma ótima pessoa, ao contrário de nós, que sempre julgamos os outros pela aparência, pelos bens... enfim! O que me importa é saber que Deus trata individualmente comigo e me aceita da forma que "soul" (rsrsrs)!!

Aproveito aqui para parabenizar o amigo e irmão em Cristo Rodrigo por criar esse maravilhoso blog. Desejo que Deus continue te orientando, inspirando e te mantendo sempre assim: cristão!

Abração!