terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Você É Japonês? Moisés Era.

Oito homens reunidos. Qual será o assunto? Futebol, mulheres, automóveis? Não, nada disso. O assunto é “vale-tudo”.

Num dia desses em que a inspiração estava em baixa, eu e alguns amigos resolvemos nos reunir na casa de um deles. Lá para as tantas da madrugada, já de barriga cheia, nos pegamos sentados em frente a uma tv assistindo a um campeonato de vale-tudo.

Definitivamente, ver dois caras se batendo (pra não dizer “se agarrando”) não é meu programa favorito; mas uma das lutas nos chamou a atenção por se revelar particularmente engraçada. O desafio era entre um franzino japonês, que não devia ter mais de 1,70m, e um gigante de mais de 2 metros (acredito eu) cuja nacionalidade não lembro (devia ser um remanescente dos anaquins).

Todos os que assistíamos àquela luta esperávamos um massacre. O que se via era o japonês dando socos e ponta-pés num adversário inerte. Ele simplesmente não reagia e, ao que parece, nem sentia os golpes que levava. Mas o japonês era perseverante. E foi essa perseverança que inspirou Cristiano a ficar repetindo inúmeras vezes com voz de "Guiodai": Eu sou japonês! Eu sou japonês! Eu sou japonês! (Alguém se lembra de "Guiodai"?). Essa ladainha funcionava como uma espécie de declaração de persistência. Parafraseando, seria algo do tipo: "Eu sou japonês e não desisto nunca".

É aí que me vem à mente a pessoa de Moisés. Grande líder do povo de Deus. Homem com quem o Senhor falava "boca a boca" (cf. Números 12.8). Homem que tinha a difícil missão de guiar um povo murmurador até a Terra Prometida. Podemos, então, chamá-lo de "lutador".

Moisés lutou contra a idolatria, contra a murmuração; lutou até mesmo contra a sua própria vontade quando, achando pesada a sua carga, pediu para morrer (cf. Números 11.14-15) e recebeu a ordem de continuar, daí em diante, ajudado por setenta anciãos. Moisés era um lutador.

No entanto, Deus não o autorizou a usar as próprias mãos na sua luta. Quando isso aconteceu, Deus teve que intervir.

Em Meribá, não havia água para o povo beber. Após ouvir muitas reclamações, Moisés e Arão pedem o auxílio divino. Como sempre, o Senhor tem a solução. Ele disse a Moisés:

"Toma o bordão, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e diante dele, falai à rocha, e dará a sua água (...)” (Números 20.8).

Muito simples! Era só falar à rocha. Porém, Moisés não parecia muito satisfeito com a idéia de um papo amigável. Ele olhou para a rocha e, como num vale-tudo, encarou-a como uma inimiga.

"Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com o seu bordão, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e seus animais" (Números 20.11).

Moisés nocauteou a rocha e Deus reprovou sua atitude determinando que ele não entraria na Terra Prometida (cf. Números 20.12). Entretanto, esse homem dá-nos um exemplo ímpar. Em vez de um coração rebelde, ele mostra um coração que ora. Ora para que Deus levante um "homem sobre esta congregação (...) e que entre adiante deles, (...) para que a congregação não seja como ovelhas que não têm pastor" (cf. Números 27.16-17).

Moisés orou para que Deus levantasse alguém que assumisse a sua posição. Josué foi o escolhido.

Perceba que Moisés não fez "biquinho" porque perdeu o direito de liderar o povo na conquista. Aos olhos humanos, ele tinha motivos de sobra para odiar Josué. Mas ele não o fez.

Muitas vezes deixamos de seguir este exemplo e brigamos porque fomos preteridos por alguém. Damos tanto valor aos cargos que temos, que até nossas amizades ficam em segundo ou terceiro plano.

Moisés não era assim. Na oportunidade que teve para desistir de tudo, ele persistiu. Deus ordenou que ele preparasse Josué para liderar o povo e ele obedeceu. Não com amargura, mas com boa vontade.

Será que eu e você faríamos o mesmo? Se Deus tirasse algo de nós e mandasse que nós mesmos o entregássemos a outro, estaríamos prontos para isso? Moisés estava.

Assim como o japonês, Moisés não desistiu. Apesar de não mais participar ativamente da conquista da terra que o Senhor prometera, ele vislumbrava o plano de Deus e colaborou para que ele se concretizasse. Em certo sentido, podemos dizer que ele perseverou no projeto de Deus. E ainda foi além. O japonês perdeu a luta, mas Moisés foi vencedor, pois morreu confiando no cumprimento da promessa.

Pelo visto, Moisés era "japonês". E dos bons!

A partir de agora, quando o orgulho quiser fazer você parar e desistir, ore ao Senhor e não se esqueça de fazer como Cristiano: Eu sou japonês! Eu sou japonês! Eu sou japonês!...

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